Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Operação salva-vidas: a revolução tecnológica nas UTIs para recém-nascidos

Novas ferramentas permitem acompanhar os bebês 24 horas por dia e evitar sequelas duradouras

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 jun 2024, 17h02 - Publicado em 5 abr 2024, 06h00

Quem entrar numa unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal agora poderá se surpreender com um profissional à beira do leito usando óculos de realidade virtual para atender a um recém-nascido. O dispositivo, que permite ao médico checar dados do paciente e seguir o passo a passo de procedimentos guiados em tempo real sem se afastar da criança, é apenas uma das inovações utilizadas por uma startup nacional a fim de intervir de forma rápida e precisa nos pequenos hospitalizados em estado de alto risco. A missão da PBSF, sigla em inglês para Protegendo Cérebros, Salvando Futuros, se revela no nome. Seu objetivo é dar a melhor assistência aos bebês que sofreram algum grau de falta de oxigenação durante ou após o parto — situação que afeta cerca de 20 000 crianças no Brasil anualmente. Para apoiar UTIs de norte a sul — inclusive em outras nações —, a empresa aposta em um sistema de monitoramento remoto dos sinais vitais e cerebrais, com suporte de inteligência artificial (IA).

A asfixia perinatal, quadro provocado por problemas nos momentos próximos ao nascimento, chega a ser fatal em 25% dos casos e costuma deixar sequelas diversas, de paralisia cerebral a cegueira e surdez. Evitá-la ou mitigar seus danos é crítico para que as crianças tenham uma vida mais saudável e plena pela frente. O cuidado central para prevenir os piores desfechos é levar o recém-­nascido a uma UTI neonatal e prover o atendimento certo na hora certa. Acontece que, pela falta de infraestrutura adequada e profissionais especializados, o Brasil pena para dar a guarida necessária. É aí que iniciativas como a PBSF fazem a diferença.

arte bebês

Trata-se, na verdade, de um movimento que ganha relevo no mundo todo. Um projeto pioneiro da Universidade do Sul da Austrália, por exemplo, aposta na IA e em câmeras ultrassensíveis para acompanhar os bebês — a ideia é inclusive abrir mão um dia dos sensores colados na pele deles. Para o período que antecede o parto, o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, implementou uma tecnologia portuguesa que permite automatizar e verificar em tempo real se o feto está em sofrimento, o que viabiliza condutas preventivas. Filosofia semelhante guia a PBSF, que já tem quase 10 000 crianças assistidas no currículo. Por meio de um centro de vigilância remota conectado a 49 hospitais públicos e privados, ela emite alertas às equipes locais, monitora o estado dos recém-­nascidos por meio de parâmetros como fluxo sanguíneo, oxigenação e atividade elétrica do cérebro e instrui os profissionais na linha de frente a intervir. “Tudo isso permite uma análise mais rápida dos casos, o que, consequentemente, melhora a tomada de decisões”, afirma o neonatologista Gabriel Variane, fundador da PBSF. A meta é reduzir ao máximo o risco de lesões neurológicas permanentes.

Na lida diária, os algoritmos de IA entram em cena. O software consegue identificar prematuramente crises convulsivas — uma espécie de curto-­circuito nervoso que nem sempre é perceptível em bebês prematuros. Até hologramas são convocados à UTI. Se um médico encontrar dificuldades em determinado procedimento, pode utilizar óculos de realidade virtual mista, que irão projetar, como um tutorial, os protocolos de atendimento à sua frente enquanto, com as mãos livres, ele pode manipular o bebê. O intuito é aumentar a eficiência e homogeneidade das práticas no leito. Além disso, os óculos estão conectados à internet e podem transmitir videochamadas, de modo que um profissional menos experiente consegue tirar dúvidas e receber orientações com um especialista a quilômetros de distância. “As ferramentas que aproximam de forma imersiva os cuidados na saúde permitem ultrapassar barreiras e tornam a assistência mais eficaz”, diz Variane.

Continua após a publicidade
O FUTURO CHEGOU - Uso de óculos de realidade virtual à beira do leito e análise ininterrupta de sinais cerebrais: recursos que preservam vidas
O FUTURO CHEGOU - Uso de óculos de realidade virtual à beira do leito e análise ininterrupta de sinais cerebrais: recursos que preservam vidas (Fotos PBSF/Divulgação)

Essas operações high-tech podem salvar crianças que sofrem com convulsões, uma situação capaz de impor danos cerebrais irrecuperáveis e nem sempre flagrada pelo olhar humano a tempo. Segundo estudo da PBSF com 296 bebês monitorados que tiveram uma crise neurológica, 72% dos casos não apresentaram sinais captados por uma avaliação clínica tradicional. Com o aparato da startup, porém, foi possível detectar e agir na hora. Os resultados animadores, reconhecidos internacionalmente, ensejam uma ambição ousada, mas auspiciosa: zerar o número de crianças com deficiências evitáveis no planeta.

Publicado em VEJA de 5 de abril de 2024, edição nº 2887

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.