O que você precisa saber para comprar um café de qualidade?
Algumas dicas podem ajudar a evitar produtos inferiores ou enganosos

O aquecimento global já começa a afetar o preço do café. As secas e altas temperaturas fazem mal a produção e a qualidade do grão, o que diminui a oferta e inflaciona o valor do carrinho. Para se aproveitar dessa situação, os chamados “cafés-fakes” — bebidas que emulam o sabor da bebida, mas sem a pureza dos grãos tradicionais — começaram a ganhar espaço das prateleiras.
Para evitar enganação por esses produtos e ao mesmo tempo encontrar as versões de melhor qualidade, VEJA separou algumas dicas que podem ajudar o consumidor. São elas:
Escolher sempre a embalagem de “café torrado”
Para proteger o usuário que gosta de preparar a bebida coada em casa, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) tem critérios para avaliar os produtos vendidos como “café torrado” ou “café torrado e moído”. As versões enganosas, apesar de imitarem a embalagem da bebida tradicional, são comercializadas como “mistura para preparo de bebidas” ou “pó para preparo de bebida sabor café” e, portanto, não precisam passar pelos mesmos critérios de qualidade.
A fiscalização do Mapa não garante que os grãos são os de melhor qualidade, com aroma e sabor superiores, mas visa endossar que o produto pode ser consumido sem causar problemas para a saúde humana. A comercialização é proibida caso o café apresente características como:
- Mau estado de conservação, sinais de deterioração, presença de insetos ou detritos acima do permitido pela legislação;
- Odor estranho, impróprio ao produto, que inviabilize a sua utilização;
- Teor de matéria estranha e impureza superior a 1,0%;
- Elementos estranhos aos produto.
Procure o selo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic)
O café não precisa, necessariamente, conter o selo da ABIC para ser comercializado, mas a certificação garante que a produção é feita sob padrões elevados de pureza e sustentabilidade. O selo também revela qual a qualidade dos grãos — que variam do extraforte, opção mais barata, ao especial, versão mais apreciada por especialistas. Veja a seguir o significado de cada uma:
- Extraforte: com pó bastante fino, ele é conhecido pelo maior amargor. Os grão podem ser defeituosos ou verdes, o que explica o menor valor e a necessidade de uma torra mais mais intensa;
- Tradicional: também com preço acessível, essa categoria tem uma menor quantidade de grãos imperfeitos e pode variar na intensidade da torra;
- Superior: com amargor e acidez leves, é considerado mais suave que os anteriores;
- Gourmet: mais doce e com amargor e acidez menores, essa categoria é de maior qualidade e tem preços elevados;
- Especial: feito somente com os melhores grãos e certificado por degustadores, essa versão é a mais cara e de melhor qualidade.
Os cafés vendidos em grãos são, em sua maioria, pertencentes às últimas três categorias, já que as primeiras são mais ricas em impurezas e frutas defeituosas. A espécie do grão também é importante: para os especialistas, a Coffea arabica deve ser a preferida, por ter menos cafeina e maior complexidade sensorial. Já a Coffea canephora, conhecida como Robusta, é mais famosa pelo sabor forte e amargo, pouco refinado.
Procure sobre os locais e os processos de produção
As duas primeiras dicas garantem a capacidade de escolher um bom café, mas as características utilizadas para avaliar a qualidade, como fragrância e aroma, sabor, doçura, acidez e balanço podem variar muito a depender do local de plantação e dos processos de fabricação. Experimentar produtos de origens diferentes e testar métodos de extração (coagem, prensa, expresso etc.) podem ajudar a ajustar o paladar para apreciar melhor as características sensoriais.
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Considerando a possível escassez devido às mudanças climáticas, procurar as empresas com as melhores práticas ambientais também pode ser uma boa ideia — para você e para o mundo. Entre os métodos mais amigáveis para a natureza, de acordo com reportagem da Veja Saúde, estão:
- Adoção de plantas de cobertura: cultivo de plantas entre os pés que café que ajudam a aumentar a fertilidade do solo, devolver nutrientes e proteger os cafezais da exposição agressiva ao sol;
- Controle biológico conservativo: adoção de práticas naturais de controle de pragas que não dependam apenas de agrotóxicos;
- Uso de bioinsumos: uso de recursos biológicos para controle de pragas;
- Rochagem: emprego de rochas selecionadas para substituir o uso de adubos químicos no solo.
A busca dessas práticas pode aproximar o usuários de empresas mais conscientes, são apenas com o meio ambiente, mas também com seus trabalhadores e com o impacto comunitário.