Novo teste pode dar previsão mais precisa de fertilidade feminina
Exame feito a partir de amostra de cabelo poderá ser capaz de prever com mais exatidão como está a reserva ovariana da mulher
Ao contrário dos homens, as mulheres nascem com um número determinado de células reprodutivas, que são dispensadas ao longo da vida, a cada ciclo menstrual. Com o passar dos anos, a quantidade e a qualidade dos óvulos diminui, o que também impacta a capacidade de gestação.
Em um futuro próximo, as mulheres que desejarem saber como está sua reserva ovariana poderá fazer um simples teste de amostra de cabelo. O exame revela os níveis do hormônio anti-Mülleriano (AMH), uma substância química relacionada à fertilidade feminina.
“Um estudo mostrou que testar o cabelo pode dar uma indicação melhor da fertilidade do que os testes de sangue atuais”, explica o ginecologista especialista em reprodução humana Rodrigo Rosa, diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo. O trabalho foi apresentado na última reunião virtual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia.
O AMH é liberado pelos óvulos enquanto ainda nos ovários e é incorporado aos fios de cabelo enquanto eles ainda estão sob a pele. Conforme o número de óvulos diminui com a idade, os níveis desse hormônio no sangue também caem. Dessa forma, sua aferição pode sinalizar quanto tempo levará antes que a mulher deixe de ser fértil.
No estudo, em um grupo de 152 mulheres com idade entre 18 e 65 anos, os níveis de AMH no cabelo se correlacionaram com os níveis em seu sangue e com o número de óvulos presentes em seus ovários, conforme visto por uma ultrassonografia. Aliás, os níveis do hormônio no cabelo acompanharam a idade melhor do que no sangue, sugerindo que o teste de cabelo pode ser mais preciso.
“O cabelo é um meio que pode acumular biomarcadores ao longo de várias semanas, enquanto os níveis de hormônio no sangue podem flutuar rapidamente em resposta a estímulos. Uma medição usando uma amostra de cabelo tem mais probabilidade de refletir os níveis hormonais médios de um indivíduo”, explica Rosa.
Entre as outras vantagens de um teste de cabelo, os autores do estudo observam que os níveis hormonais são avaliados de forma não invasiva, o que reduz o estresse do teste e oferece um ensaio menos caro. “O teste pode ser feito sem a visita na clínica e, portanto, torna esse tipo de teste disponível para uma gama mais ampla de mulheres”, finaliza o especialista.
Indicação
No entanto, especialistas alertam que, para a população em geral, o exame que mede o AMH não é um bom indicador da probabilidade de engravidar. Por outro lado, esse é um marcador-chave na avaliação de como as mulheres podem responder ao tratamento de fertilidade.
“Embora os estudos não tenham correlacionado os níveis de AMH com uma chance confiável de nascimento (nem com a previsão do tempo da menopausa), a medição de AMH se tornou um marcador intrínseco na avaliação de como uma paciente responderá à estimulação ovariana para fertilização in vitro: se responderá normalmente, com poucos óvulos ou como super-resposta (com muitos óvulos e risco de síndrome de hiperestimulação ovariana)”, explica Rosa.