Muito além do Viagra: as alternativas contra disfunção erétil
Brotam com rapidez novos medicamentos e um cipoal de estudos promissores
Antes do domínio das redes sociais, desde sempre, aliás, e certamente para as futuras civilizações, o ritmo das relações sexuais foi e será tema entre quatro paredes e para fora delas. Revoluções comportamentais como a dos anos 1960, promovida pelas mulheres, e a virada química alimentada pelo Viagra, a boia masculina na forma da pílula azul, mudaram os humores ao longo das décadas. E a discussão em torno da libido deixou de ser tabu. Mais do que isso: na ausência do interesse pelo parceiro, no distanciamento agora imposto por corpos debruçados em smartphones, a busca por soluções químicas já não é constrangedora, longe disso.
A novidade: o Viagra, tão badalado, não é mais a única resposta. Na corrida contra a disfunção erétil e na retomada do apetite sexual, brotam com rapidez novos medicamentos e um cipoal de estudos promissores. Em dois ensaios publicados na reputada publicação Jama Network Open, os pesquisadores testaram com sucesso um hormônio chamado kisspeptina em mulheres na pré-menopausa e também em homens. Na ala feminina, verificou-se estimulação do hipocampo, área do cérebro relacionada com o desejo sexual. No grupo masculino, depois do estímulo, o índice de ereção foi 56% maior do que no grupo placebo, de controle. Ainda no campo da disfunção erétil, a FDA, a agência reguladora americana, aprovou recentemente o primeiro gel para aplicação local e com efeito em apenas quinze minutos. Com o sugestivo nome Eroxon, ele age mais rápido que os comprimidos — funciona com um processo de aquecimento e resfriamento do tecido, estimulando os nervos e o fluxo sanguíneo.
No Brasil, já está disponível a droga cloridrato de dapoxetina (de nome comercial Prosoy) para o tratamento da ejaculação precoce. Liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no ano passado, ele é indicado para homens de 18 a 64 anos que lidam com o desconforto. “É da natureza humana buscar manter a vida sexual ativa, indicativo de que a saúde vai bem”, diz o urologista Marcelo Cabrini, da Associação Brasileira de Estudos em Medicina e Saúde Sexual. Mas não seria má ideia antes desligar o smartphone.
Publicado em VEJA de 1º de setembro de 2023, edição nº 2857