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Muita tosse… e bactérias pelo ar: entidade soa alerta sobre coqueluche nas Américas

Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) recomenda vigilância e vacinação contra infecção, cujas taxas voltaram a subir inclusive no Brasil

Por Diogo Sponchiato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 jul 2024, 17h45

Doença popularmente conhecida como tosse comprida e causada por uma bactéria transmitida por gotículas expelidas em episódios de tosse e espirro, a coqueluche voltou a entrar no radar de preocupações das autoridades de saúde globais. Isso porque os casos da infecção decolaram em diversos países, inclusive o Brasil. A Organização Pan-Anamericana de Saúde (Opas) acaba de publicar um alerta sobre a situação epidemiológica no continente americano, recomendando maior vigilância e atenção à cobertura das vacinas capazes de prevenir o problema.

No Brasil, de janeiro a junho deste ano, foram notificados quase 1 000 casos suspeitos da doença, sendo que, ao longo de 2023 inteiro, foram registrados 1 465 episódios. Projeta-se, assim, que em 2024 o número supere o do ano passado. Os estados que concentram o maior número de pessoas afetadas são São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

A coqueluche era considerada uma infecção relativamente controlada com a vacinação. Mas, devido à queda na cobertura dos imunizantes, principalmente durante a pandemia de Covid-19, a bactéria voltou a se alastrar com força, representando um risco sobretudo a bebês.

Como estava? Como estamos?

A Opas esclarece que, entre 2010 e 2019, foram reportados ao redor de 170 000 casos anuais de coqueluche globalmente. Com as restrições de circulação impostas pela Covid-19, esse número chegou a cair para menos de 54 000 – em 2021, o índice não chegou a 30 000. Na região das Américas, vinha se observando uma queda progressiva no número de infecções – de 72 328 casos em 2012 para 3 283 em 2022.

Contudo, a cobertura da vacina contra coqueluche também caiu. O principal imunizante utilizado para essa finalidade é a vacina tríplice bacteriana, que ainda nos resguarda de tétano e difteria. A fórmula, disponibilizada a partir dos 2 meses de vida pelo SUS, chega a evitar 80% dos quadros de tosse comprida desencadeados pela bactéria Bordetella pertussis.

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A partir do segundo semestre de 2023, a Europa começou a registrar um aumento de casos da doença, e o problema se acentuou no primeiro semestre deste ano. Entre janeiro e março de 2024, as autoridades europeias notificaram mais episódios do que em todo o ano passado.

Fenômeno semelhante tem ocorrido nas Américas. Enquanto o Brasil já deve caminhar para bater 1 000 casos, outras nações também estão na rota da bactéria. Nos Estados Unidos, são 7 251 casos registrados entre janeiro e junho deste ano, taxa 300% maior que a do mesmo período de 2023. México e Peru também vivenciam um crescimento, ainda que bem menor em números absolutos.

O que fazer?

A Opas recomenda, em seu documento de alerta, fortalecer a vigilância epidemiológica a fim de compreender o tamanho do problema e (re)definir estratégias de contenção. O desafio é que muitos quadros respiratórios na infância, atendidos ou não em postos de saúde e hospitais, podem passar batido ou confundidos com outras infecções.

Diante disso, a entidade pan-americana endossa a maior disponibilidade e uso de testes diagnósticos. Eles permitem não apenas aprimorar o manejo dos doentes como dar subsídios para entender o momento da doença e as características do patógeno em circulação.

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Os esforços devem ser intensificados ainda mais diante de crianças com menos de 1 ano, público altamente suscetível a complicações da doença.

A principal medida preventiva, tanto em escala individual como em termos coletivos, é a vacinação. No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) inclui a vacina tríplice bacteriana no SUS a partir do segundo mês de vida. Ela também é oferecida a gestantes, uma vez que permite uma espécie de proteção de mãe para filho, transmitindo os anticorpos da genitora para o bebê.

Adolescentes e adultos não vacinados podem se imunizar também na rede privada. Para garantir a proteção, orienta-se um reforço vacinal a cada 10 anos.

Embora o Brasil tenha registrado melhoras no índice de vacinação infantil, os cuidados com a coqueluche e o engajamento na imunização precisam persistir. Dados do Ministério da Saúde de 2022 indicam que a cobertura vacinal foi de 85% do público-alvo, sendo que o ideal é que fique em 95%.

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