Mesmo proibido, uso do cigarro eletrônico cresce 600% no Brasil
Estudo aponta que mesmo com a comercialização vetada no país, a utilização dos populares "vapes" subiu de forma acelerada entre 2018 e 2023
Desde 2009, a venda de cigarros eletrônicos é proibida no Brasil. Mesmo assim, os dispositivos são mais populares que nunca. Um estudo elaborado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Ohio (EUA) aponta que consumo dos populares “vapes” aumentou 600% entre 2018 e 2023. Cerca de 3,1 milhões de brasileiros utilizam exclusivamente cigarros eletrônicos, enquanto outros 8 milhões fazem uso combinado com produtos de tabaco. Ou seja, há um ativo mercado ilegal que supre as demandas do público. E pouco vem sendo feito para reverter essa perigosa situação.
“O uso e a disponibilidade generalizados de cigarros eletrônicos são resultado de um próspero mercado ilícito que burla os controles regulatórios, inundando o mercado com cigarros eletrônicos não autorizados – e potencialmente ainda mais perigosos – do que aqueles encontrados em ambientes regulamentados. Muitos são dispositivos “falsificados” que imitam marcas conhecidas, mas carecem de padrões básicos de segurança, origem rastreável, ou avisos de saúde”, escrevem os pesquisadores no estudo publicado nesta segunda-feira,10, no periódico científico The Lancet Regional Health – Americas.
Hoje, é fácil encontrar anúncios nas redes sociais oferecendo os cigarros eletrônicos. Uma investigação realizada pelo governo identificou 1822 anúncios ou contas ilícitas em redes sociais relacionadas a cigarros eletrônicos, o que reforça a facilidade com que esses dispositivos são comprados. Os “vapes” também são vendidos em pontos de venda de forma aberta, de bancas de jornal a tabacarias, sem qualquer tipo de fiscalização.
Os pesquisadores reconhecem que foram feitos alguns avanços. Em 2024, a Receita Federal confiscou quase 2 milhões de unidades avaliadas em aproximadamente R$ 1,1 bilhão, um aumento de 57% em comparação com 2023. Mas é preciso intensificar a fiscalização, especialmente em fronteiras internacionais, onde o produto costuma entrar.
O grande problema está relacionado à saúde pública. “O vape não é inofensivo, nem representa uma alternativa segura ao cigarro convencional. Diversos estudos já demonstraram que os compostos presentes nos cigarros eletrônicos podem causar mutações genéticas associadas ao câncer de pulmão”, afirma Clarissa Baldotto, oncologista clínica, presidente eleita da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e membro do Board da International Association for the Study of Lung Cancer, que atua na Rede D’Or. “É preocupante ver jovens e adultos sendo expostos a um produto cuja toxicidade é evidente, mas cuja regulação ainda é negligenciada. O Brasil precisa tratar o vape como uma questão urgente de saúde pública”, completa.
Para isso, o estudo aponta que observar casos de sucesso em outros países é fundamental para criar políticas públicas eficazes. Na Europa, por exemplo, a proibição de anúncios e a inserção de alertas de saúde nas embalagens ajudou a reduzir o uso. Nos Estados Unidos e no Canadá, o aumento do preço dos dispositivos e a proibição de uso em lugares públicos também está desencorajando parte dos usuários.
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