Médico brasileiro cria nova técnica para aumentar a grossura do pênis
Urologista apresentará estudo com pacientes operados no maior congresso da área nos EUA; cirurgia é definitiva, ao contrário de injeções de ácido hialurônico

Um médico brasileiro estará em evidência no próximo encontro anual da Associação Americana de Urologia, o maior congresso da especialidade no mundo, que será sediado em Las Vegas entre 26 e 29 de abril. É ali que o urologista Ubirajara Barroso Jr. apresentará uma nova técnica de engrossamento peniano e também compartilhará suas experiências com a cirurgia de redesignação sexual.
O procedimento inédito para aumentar a grossura do pênis, batizado de Dart-Vag, tem indicações precisas e efeito definitivo. Trata-se de uma cirurgia que incorpora uma membrana originalmente localizada nos testículos para melhorar os resultados estéticos e funcionais.
O método desenvolvido por Barroso Jr., que é professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, se vale de um retalho retirado do saco escrotal combinado à inserção de uma estrutura que reveste o testículo e é conhecida como túnica vaginal – apesar do nome, ela não tem nada a ver com a vagina.
Esse é o diferencial em relação a outras técnicas cirúrgicas atuais: com essa adição, há uma maior vascularização na região e um aumento mais eficiente da circunferência do pênis.
Ao contrário das injeções de ácido hialurônico, que exigem reaplicação a cada dois anos, em média, e ficaram famosas na internet, o Dart-Vag tem resultado de longo prazo. A depender da anatomia do paciente, a invenção brasileira permite ampliar entre 2 e 3 centímetros o diâmetro do pênis.
A técnica foi desenvolvida pelo urologista baiano e sua equipe e já aplicada em mais de 30 pacientes. No estudo com dez casos selecionados, que será apresentado no encontro americano, adultos com pênis embutido passaram por uma cirurgia de reconstrução do órgão associada ao novo procedimento de engrossamento.
Após três meses da operação, os especialistas confirmaram que o aumento do comprimento e da largura peniana foi bem-sucedido. Os voluntários relataram satisfação estética, melhora da autoimagem e aumento do desejo sexual.
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Entrevista com o especialista
VEJA conversou com exclusividade com o urologista Ubirajara Barroso Jr. para entender as indicações, contraindicações e vantagens da nova técnica de engrossamento peniano, que será apresentada em Las Vegas.

Como surgiu a ideia de criar essa nova técnica?
Já existe uma técnica cirúrgica, que usa o tecido que fica logo abaixo da pele do escroto, mas que geralmente tem como resultado uma grossura insuficiente e se vale de um retalho que não é tão vascularizado. Então me veio a ideia de, além de usar esse retalho escrotal, incorporar uma membrana que envolve o testículo e se chama túnica vaginalis, embora nada tenha a ver com a vagina. Esse tecido é bem vascularizado e nós já o utilizamos para reconstruir estruturas como a uretra. Então pensei em usá-la para fins de engrossamento peniano, adicionando-a à técnica anterior, e isso permitiu praticamente dobrar a grossura do pênis.
Quais os principais resultados do estudo que será apresentado nos EUA?
Nós aplicamos questionários validados, tanto para avaliar a autoimagem e a qualidade da vida sexual como para investigar a presença de dismorfismo corporal e a autoimagem do genital masculino. O que nós vimos foram melhoras no desejo sexual, na autoimagem e na percepção da aparência genital masculina. Os pacientes se sentem mais confortáveis ao mostrar o genital para a parceira e apresentam maior satisfação com o tamanho do pênis. E também observamos uma melhora da função e do desejo sexual.
A quem a nova técnica é indicada?
Ela é indicada a pacientes com pênis fino em geral, algo que pode ser fruto de condições como a doença de Peyronie, que afeta de 1 a 3% da população masculina. A grossura média do pênis é de 9,5 cm. Homens que estão numa faixa menor, abaixo de 8 cm, poderiam ser candidatos à cirurgia. O método também é indicado a pessoas com micropênis. No entanto, para a realização do procedimento, é preciso que o paciente tenha uma bolsa testicular de um tamanho adequado, que possa doar material suficiente para o engrossamento peniano.
O procedimento é predominantemente estético? Quanto se aumenta de grossura?
O aumento médio é de 2,5 cm. Há um ganho na aparência, mas isso acaba tendo uma repercussão no estado psicológico e também nas relações sexuais. Notamos melhoras no chamado dismorfismo corporal, que é a alteração no modo como a própria pessoa se vê, e no desejo sexual. Lembrando que esse aumento peniano ocorre no pênis flácido e persiste na ereção.
Existem contraindicações à cirurgia?
Nós contraindicamos para quem tem um pênis com grossura normal, porque é um procedimento que envolve construção de retalhos. Hoje existem outros métodos como, por exemplo, o ácido hialurônico, que pode ser utilizado nesses pacientes, mas não têm efeito definitivo. Também não indicamos para quem tem problemas neuropsiquiátricos – esses pacientes precisam ser encaminhados primeiro ao psiquiatra até ter condições e autonomia de decidir o que querem fazer com seu corpo. Pessoas com escroto pequeno também podem ter restrições, porque essa é a área doadora.
Quantos pacientes já passaram pela técnica?
Hoje nós temos mais de 30 pacientes operados. Estamos catalogando todos esses pacientes e já temos um estudo, aprovado pelo comitê de ética, em que analisaremos basicamente qual seria o ganho real no longo prazo. Temos percebido que o resultado dura, porque já temos pacientes com mais de dois anos de operados, mas é preciso entender, em uma amostra maior, os efeitos no longo prazo.