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Mais de 1,3 bilhão de pessoas terão diabetes no mundo até 2050

Projeção traz números preocupantes sobre o futuro da doença no planeta. Obesidade é o principal fator de risco

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 jun 2023, 08h56

Um artigo publicado na revista científica The Lancet traz números bastante preocupantes relacionados ao diabetes, uma doença metabólica de origem múltipla, decorrente da falta de insulina ou sua incapacidade de exercer adequadamente suas funções, o que gera altas taxa de açúcar no sangue (hiperglicemia) de forma permanente.

Segundo a publicação, o número de pessoas com diabetes pode chegar a 1,3 bilhão nos próximos trinta anos – mais do que o dobro, que atualmente soma mais de meio bilhão em todo o mundo, incluindo homens, mulheres e crianças de todas as idades.

De acordo com os cálculos mais recentes, a taxa de prevalência global atual é de 6,1%, tornando o diabetes uma das 10 principais causas de morte e incapacidade no planeta. A taxa mais alta de incidência da doença é de 9,3% no Norte da África e no Oriente Médio, índice que deve saltar para 16,8% até 2050. Já as taxas na América Latina e no Caribe devem aumentar para 11,3%.

“É um artigo muito interessante, porque faz uma revisão dos números que tínhamos previstos para esse aumento, e segue uma tendência das publicações das décadas anteriores”, afirma Paulo Augusto Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). “A gente sempre observa que o número total de pessoas com diabetes no mundo aumenta a cada avaliação de perspectiva futura. E sempre há um aumento percentual, além daquele previsto”, completa.

No artigo, o diabetes foi especialmente evidente em pessoas com 65 anos ou mais em todos os países e registrou uma taxa de prevalência de mais de 20% para esse grupo. A taxa mais alta foi de 24,4% para aqueles entre 75 e 79 anos. “Hoje, em torno de 6% da população mundial tem diabetes”, afirma Miranda.

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A saber, quase todos os casos globais, cerca de 96%, são de diabetes tipo 2 (T2D), sendo o alto índice de massa corporal (IMC) o principal fator de risco, respondendo por 52,2% da incapacidade e mortalidade, seguido por riscos alimentares, ambientais e ocupacionais, tabaco, baixa atividade física e uso de álcool.

E o que isso representa? Segundo o presidente da SBEM, quanto mais cedo as pessoas conviverem com o diagnóstico de diabetes, maior o risco de complicações, e quanto maior o número, maior a necessidade de um aparato assistencial para cuidar dessas pessoas e evitar as complicações.

“Além do custo pessoal, em termos de redução da qualidade e tempo de vida, o problema traz também um custo social muito importante, tanto do ponto de vista direto da saúde, quanto econômico, muitas vezes por uma aposentadoria precoce”, pontua.

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Estudo Global

No estudo publicado, intitulado Global Burden of Disease (GBD) 2021, os pesquisadores também examinaram a prevalência, morbidade e mortalidade do diabetes em 204 países e territórios, por idade e sexo, entre 1990 e 2021 e previram a prevalência do diabetes até 2050. Forneceram ainda estimativas do tipo 1 diabetes (T1D) e diabetes tipo 2 (T2D) e quantificaram a proporção da carga de DM2 atribuível a 16 fatores de risco.

“A rápida taxa de crescimento do diabetes não é apenas alarmante, mas também desafiadora para todos os sistemas de saúde do mundo, especialmente porque a doença também aumenta o risco de doença cardíaca isquêmica e derrame”, afirma Liane Ong, principal autora do estudo e cientista de pesquisa principal do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), da Escola de Medicina da Universidade de Washington.

No Brasil, atenção à vacinação

No Brasil, foi lançada a campanha “Com a Vacina, Eu Cuido da Minha Saúde e da Saúde de Toda a Sociedade”, pela Coalização Vozes do Advocacy, que reúne 20 associações de pacientes e dois institutos dedicados ao diabetes. O objetivo é sensibilizar e alavancar a proteção dos cerca de 16,8 milhões de pessoas com diabetes tipo 1 e tipo 2 no país por meio da vacinação, que caiu 18% na última década, segundo dados do Ministério da Saúde. Algo que deve ser revertido com urgência já que as pessoas com a doença crônica correm maior risco de complicações por doenças infecciosas.

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“Estes múltiplos aspectos devem ser avaliados e a necessidade de ações de prevenção e também de tratamento devem ser feitos desde já para que a gente consiga reverter esta tendência, que é alarmante, e tratar as pessoas da maneira adequada para o futuro”, conclui Paulo Augusto Miranda, da SBEM.

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