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Lula inaugura fábrica que vai produzir ‘genéricos’ de Ozempic e Wegovy

Unidade da EMS em Hortolândia também vai fabricar liraglutida; moléculas, cujas patentes começam a cair, são usadas para obesidade e diabetes

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 ago 2024, 20h53 - Publicado em 23 ago 2024, 14h16

HORTOLÂNDIA (SP) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou na manhã desta sexta-feira, 23, da inauguração da fábrica da farmacêutica EMS que vai produzir os medicamentos liraglutida e semaglutida no Brasil. As moléculas, que começaram a perder as patentes neste ano, ficaram mundialmente conhecidas pelo uso e eficácia no tratamento de diabetes tipo 2 (Victoza e Ozempic) e obesidade (Saxenda e Wegovy).

Presidente do grupo EMS, Carlos Sanches disse que os peptídeos sintéticos são uma “grande inovação da indústria farmacêutica” e que toda a cadeia de produção dos fármacos, desde o insumo (IFA) até o produto final, será realizada no Brasil. A comercialização vai ser voltada também para outros países.

“A patente da liraglutida venceu e pretendemos fazer o lançamento em nível global. Submetemos à FDA (agência regulatória americana) e pretendemos começar a comercializar em janeiro. Em 2026, vence a patente do Ozempic e vamos começar vendendo no Brasil.”

Com a produção nacional dos medicamentos, a expectativa é baratear os custos dos fármacos para os pacientes. Atualmente, uma caixa de liraglutida custa quase R$ 600, e a semaglutida fica entre mais de R$ 890 e R$ 1.915, segundo valores divulgados nos sites de farmácias consultados pela reportagem.

Os análogos do GLP-1 mimetizam o hormônio que existe no organismo e está ligado ao controle da saciedade e dos níveis de açúcar no sangue. As drogas foram desenvolvidas para o manejo de diabetes 2 e perda de peso. Elas devem ser administradas em tratamentos com acompanhamento médico.

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As medicações que serão lançadas pela EMS são espelhadas nas moléculas originais, desenvolvidas e comercializadas pelo laboratório dinamarquês Novo Nordisk, responsável por Victoza, Saxenda, Ozempic e Wegovy.

“A produção de polipeptídeos sintéticos vai reduzir os efeitos colaterais e os custos para os pacientes”, afirmou, durante a cerimônia de inauguração, a ministra da Saúde, Nísia Trindade. “Até outubro, devemos ter a aprovação desse medicamento”, afirmou.

Sobre a afirmação relacionada aos efeitos colaterais reduzidos, a Novo Nordisk disse, em nota, que só é possível fazer esse tipo de avaliação por meio de estudos científicos que comparem a molécula original e a cópia sintética, e que desconhece a existência de algum ensaio realizado com este objetivo.

“As moléculas biológicas da Novo Nordisk contam com milhares de pacientes estudados ao longo dos últimos anos, com alta tolerabilidade e reduzidos efeitos colaterais, confirmando a segurança e eficácia destes medicamentos.”

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Investimento

A nova fábrica teve um investimento de R$ 70 milhões, dos quais R$ 48 milhões foram de financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Diretor da fábrica, Fábio Barros explica que as moléculas são idênticas e, embora sintético, o polipeptídeo é 97% semelhante ao GLP-1 produzido pelo organismo. Ele diz que a unidade tem capacidade para produzir 20 milhões de doses por ano e que o objetivo é chegar ao Sistema Único de Saúde (SUS).

“Historicamente, a EMS é uma empresa de acesso e acredito que o SUS tenha interesse nesse tipo de produto.”

Em seu discurso, Lula destacou a importância de o governo federal investir na indústria farmacêutica do país. “O poder de compra do SUS vai permitir que a gente tenha uma indústria farmacêutica competitiva no mundo. A economia da saúde é um dos setores de maior crescimento e nos cobra um novo salto estrutural.”

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O presidente citou a importância do investimento em pesquisa e na formação de profissionais no país. “Saúde é sinônimo de ciência e tecnologia.”

Segundo a Presidência da República, a unidade integra a proposta de fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), projeto retomado em setembro do ano passado focado em “reduzir a dependência do Brasil de insumos, medicamentos, vacinas e outros produtos de saúde estrangeiros”.

A meta é apostar na produção nacional de itens prioritários para a rede pública. Até 2026, está previsto um investimento de R$ 57,4 bilhões entre recursos públicos e da iniciativa privada.

Diabetes como prioridade

O diabetes foi identificado como uma doença prioritária para as medidas de desenvolvimento industrial voltadas à saúde.

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O Brasil tem cerca de 20 milhões de pessoas que vivem com a condição, segundo análise da Sociedade Brasileira de Diabetes com base em dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ranking mundial, o país ocupa a sexta posição, de acordo com a Federação internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês).

A doença, que pode ser silenciosa, é ligada a casos de amputação, cegueira e problemas renais e cardíacos.

Uma pesquisa do Instituto Datafolha mostrou que 59% dos brasileiros estão acima do peso. A obesidade, por sua vez, está ligada a complicações como doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e problemas nas articulações.

Indústria farmacêutica nacional

De acordo com a Presidência, a entrada da EMS no mercado público foi viabilizada pelo Programa de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) do Ministério da Saúde.

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“Entre as PDPs firmadas, dez já forneceram ou estão fornecendo medicamentos para o SUS, sendo seis apenas em 2024. Esses medicamentos são voltados ao tratamentos de câncer, esquizofrenia, imunossupressores usados por transplantados e doenças raras como a esclerose múltipla”, informou.

Em outro braço do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, o presidente Lula anunciou, na semana passada, o investimento de R$ 42,7 bilhões para o Plano Mais Produção (P+P), coordenado pelo BNDES.

Na ocasião, o banco também fez um anúncio sobre a aprovação de $ 1,39 bilhão para três operações de financiamento a planos de pesquisa, desenvolvimento e inovação da indústria farmacêutica nacional: R$ 500 milhões para a EMS, R$ 390 milhões para a Aché e outros R$ 500 milhões para a Eurofarma.

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