Israel realiza primeiro transplante de córnea feita com impressora 3D
Procedimento devolveu visão a uma paciente de 70 anos, mas tecnologia ainda depende de estudos que confirmem segurança e resultados a longo prazo
Médicos do Centro Médico Rambam, em Haifa, Israel, realizaram o primeiro transplante de córnea bioimpressa em 3D. A paciente, uma mulher de 70 anos que havia perdido a visão em um dos olhos, recuperou a capacidade de enxergar após receber o implante, chamado PB-001.
A iniciativa busca ampliar o acesso ao transplante de córnea, um procedimento marcado pela escassez mundial de tecidos. As estimativas indicam que, para cada 70 pessoas que precisam da cirurgia, apenas uma córnea de doador está disponível. Em grande parte do mundo, a falta de bancos de olhos e de políticas de doação impede que o tratamento chegue a quem precisa.
Como funciona o implante bioimpresso
A PB-001 é produzida combinando células humanas com materiais que dão sustentação à estrutura do tecido. A ideia é criar uma córnea que imite, o máximo possível, as características de uma córnea natural.
Diferentemente de outras experiências já realizadas em países como o Reino Unido, que usavam modelos mais “artificiais”, a córnea usada no procedimento israelense é formada totalmente por células derivadas de uma córnea real, que são então organizadas camada por camada pela impressora 3D. Isso significa que uma única córnea pode dar origem a várias outras.
Do ponto de vista da cirurgia, quase nada muda. “Em termos de técnica, pouco se diferencia do que realizamos com a córnea doada”, explica o oftalmologista Luiz Brito, do H.Olhos, da Rede Vision One. “São mantidos o número de pontos e as estratégias cirúrgicas já consolidadas.”
Potencial e limitações
Para Brito, o avanço pode ter impacto significativo na oferta global do procedimento. “Sem dúvida, é algo revolucionário, pois pode beneficiar regiões que não possuem bancos de olho”, diz o oftalmologista.
Apesar do entusiasmo, ainda existem muitas perguntas sem resposta. O transplante faz parte de um estudo clínico inicial de fase 1, cujo objetivo principal é avaliar se o implante é seguro, se mantém a transparência, se realmente melhora a visão e como ele se integra ao olho do paciente. Até agora, apenas uma pessoa recebeu a nova córnea, e o estudo prevê entre 10 e 15 participantes para atestar segurança mínima.
Um dos pontos de atenção é a reação do organismo. Como a córnea bioimpressa tem características próprias, mesmo que busque proximidade com as características naturais, o corpo pode responder de maneira diferente do que acontece com uma córnea doada. Isso pode significar, por exemplo, a necessidade de ajustar os remédios que evitem rejeição. “Mas esse tipo de decisão ainda depende de dados mais robustos, que só virão nas próximas fases da pesquisa”, observa Brito.
Indicações e próximos passos
Por enquanto, o estudo inclui pacientes com alterações na córnea que não têm indicação para o transplante tradicional. Ainda não há informações suficientes sobre como esse tecido cicatriza ao longo do tempo nem sobre sua durabilidade. Uma córnea doada costuma durar cerca de 30 anos, mas não é possível saber, por ora, se o implante bioimpresso terá o mesmo desempenho.
Os primeiros dados de eficácia devem ser avaliados após seis meses de acompanhamento, e a divulgação dos resultados está prevista para o segundo semestre de 2026. Até lá, a recomendação é de cautela. “Estamos falando de um estudo de fase 1. Ainda não é o momento de replicar o procedimento em outros países”, destaca Brito.
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