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Infecção causada por fungo pode desencadear nova epidemia na Índia

Medicamentos usados no tratamento da Covid-19 podem ter aumentado os casos da mucormicose; Ministério da Saúde pede que estados decretem epidemia

Por Matheus Deccache Atualizado em 21 Maio 2021, 19h02 - Publicado em 21 Maio 2021, 15h05

A Índia vive um momento de descontrole com a pandemia do novo coronavírus no país. Com sucessivos recordes negativos, o país asiático já registra mais de 26 milhões de casos da doença e 291.000 mortes. Como se já não bastasse, os indianos estão se deparando com um novo problema: a infecção por fungos. 

Chamada de mucormicose, a infecção é causada por “fungos negros” e é considerada rara, porém apresenta taxa de letalidade na casa dos 50%. Além da alta taxa, a infecção costuma apresentar graves sequelas, como a necessidade de retiradas dos olhos ou dos ossos da mandíbula.  

Apesar de rara e controlada, a Índia viu um aumento vertiginoso nos casos de mucormicose, principalmente em pacientes recuperados da Covid-19 ou em recuperação. Ainda não se sabe ao certo, mas os médicos suspeitam que exista uma ligação entre a infecção e os medicamentos utilizados para tratar a Covid-19.  

Segundo especialistas, em entrevista à BBC, o fungo pode atacar de 12 a 15 dias após o paciente se recuperar do novo coronavírus.  Os diabéticos também têm risco aumentado de adquirirem a doença. 

LEIA TAMBÉM: A ameaça dos fungos: quais as doenças causadas por eles?

A situação é vista como um enorme problema em potencial para o país. Na última quinta-feira, 20, o secretário adjunto do Ministério da Saúde, Lav Agarwal, escreveu aos governadores dos 29 estados do país pedindo que declarem um estado de epidemia. Com a medida, o ministério conseguirá monitorar mais de perto os casos em cada região, tomando medidas mais concretas. 

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O descontrole da Covid-19 no país faz com que ainda não seja possível detectar com clareza o número de casos de mucormicose. Na semana passada, o secretário de saúde de Marahastra, Rajesh Tope, um dos estados mais afetados pela segunda onda do novo coronavírus, disse que havia 1.500 casos da infecção fúngica.  

Ainda de acordo com relatos dos médicos, muitos pacientes precisaram ter seus olhos e ossos da mandíbula removidos em cirurgia, de forma a impedir que o fungo chegasse ao cérebro, deixando o paciente desfigurado. O aumento recente de casos fez com que a anfotericina B, droga usada para tratar a doença, ficasse em falta, levando uma série de famílias a recorrer ao mercado paralelo para sua obtenção.  

A mucormicose é uma infecção rara causada pela exposição ao mofo mucoso, encontrado em solos, plantas e materiais em decomposição. O fungo afeta a face, os pulmões, o cérebro e pode ser fatal em pacientes com diabetes ou com doenças imunossupressoras.  

Os esteroides utilizados no tratamento de pacientes graves com Covid-19 reduzem as inflamações nos pulmões e podem evitar danos causados ao sistema imunológico quando este está lutando contra o novo coronavírus. Apesar disso, eles também aumentam o nível de açúcar no sangue e reduzem a imunidade, fatores que podem estar diretamente relacionados ao aumento de casos da doença, principalmente em diabéticos. 

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