Imagem da semana: abraço, nem que seja de plástico
A americana Olivia Grant conseguiu abraçar a avó com a ajuda de um varal e alguns metros de material transparente
“Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro.” As palavras da escritora Martha Medeiros faziam todo o sentido até o novo coronavírus chegar e estragar tudo, fechando as pessoas em casa. Aproximar-se dos que ficaram do lado de fora, só a uma distância de 2 metros. Não apenas abraços e beijos, mas até apertos de mão saíram do repertório social, tolhendo como nunca as manifestações de afeto. Mãe de todas as invenções, porém, a necessidade entrou em ação para apaziguar a saudade entre os isolados pela quarentena: bastaram um varal e alguns metros de plástico transparente para que a americana Olivia Grant abraçasse a avó, Mary Grace Sileo, depois de três meses afastadas. O reencontro se deu em Wantagh, no Estado de Nova York, no feriado do Memorial Day, em homenagem aos mortos nas sucessivas guerras em que os Estados Unidos se envolveram — somadas todas as dos últimos sessenta anos, o saldo de mortos é menor do que as mais de 100 000 vítimas da Covid-19 no país. A imagem do plastic hug (abraço de plástico) vem correndo nas redes sociais desde o Dia das Mães, quando varais improvisados de plásticos foram erguidos em quintais do mundo todo. Na Califórnia, Paige Okray, de 10 anos, desenhou sua versão com bracinhos para acolher os avós. E tanta era a saudade de João de Oliveira, um garoto de 5 anos de Jaú (SP), que sua mãe o embrulhou numa capa de chuva para que ele pudesse abraçar a professora na sexta-feira 22 — o Dia do Abraço.
Publicado em VEJA de 3 de junho de 2020, edição nº 2689