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IA, genômica, oncologia de precisão e até fé: as inovações contra o câncer

Congresso da Oncoclínicas aborda os avanços tecnológicos acerca de novos diagnósticos, drogas e tratamentos para a doença, e fala de diversidade e inclusão

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 out 2023, 16h24 - Publicado em 15 set 2023, 17h22

Os avanços tecnológicos contra o câncer e as inovações desenvolvidas por cientistas voltadas a tratamentos personalizados, oncologia de precisão, assistência inclusiva, linhas de cuidado multidisciplinares, ampliação da diversidade e acessibilidade, bem como as últimas atualizações sobre o uso de inteligência artificial na área estão em pauta nas várias palestras ministradas por mais de 300 médicos e profissionais da saúde do Brasil e do exterior no 11º Congresso Internacional Oncoclínicas e Dana-Farber, que acontece até este sábado 16, em São Paulo.

“Muitos estudos apresentados em congressos internacionais este ano, e que traremos para o debate dentro do que observamos no Brasil, vão mudar ou influenciar a prática clínica atual. Há avanços notáveis no âmbito da genômica, que tem demonstrado resultados promissores na Oncologia de Precisão”, diz Bruno Ferrari, fundador e CEO do Grupo Oncoclínicas, sobre o congresso, que este ano vem sob o tema “Oncologia do Futuro: as Fronteiras da Inovação e a Revolução do Cuidado”.

Segundo Ferrari, isso significa que o combate ao câncer avança em direção a tratamentos cada vez mais personalizados, que permitem estabelecer as terapias mais adequadas no momento certo, para o paciente certo. “Essas são estratégias importantes que a comunidade médica, em todo o mundo, vem destacando como essenciais para continuar a fazer progressos nas terapias contra o câncer e, consequentemente, melhorar os desfechos para os nossos pacientes, assegurar qualidade aos médicos e proporcionar eficiência máxima aos nossos parceiros”, completa.

Carlos Gil Ferreira, diretor médico do Grupo Oncoclínicas e presidente do Instituto Oncoclínicas, reforça ainda as discussões sobre a análise molecular dos tumores como um caminho para novos tratamentos, centradas nas pesquisas e aplicações de terapias avançadas a cada paciente, entre as quais a imunoterapia e a CAR-T Cell. A identificação de marcadores e alterações genéticas nas células tumorais estão ajudando a revolucionar o combate ao câncer.

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“As pesquisas em Oncologia, no mundo e no Brasil, vêm caminhando com esse foco, cada vez mais individualizado: são terapias direcionadas para cada tipo de tumor e suas mutações específicas, de forma personalizada. Conforme avançamos mais no conhecimento genômico, podemos adotar estratégias terapêuticas que vão muito além da quimioterapia”, explica o médico. “Uma das perspectivas que também podemos observar para o futuro dos tratamentos é o olhar global para esse paciente, pensando em seu contexto genético, socioeconômico, familiar e de qualidade de vida. E isso acaba entrando na acessibilidade aos tratamentos e inovações, assuntos que também vão pautar a programação deste ano.”

Nas palestras do Congresso, coordenado pelo oncologista Max Mano, são apresentados módulos para as diferentes áreas médicas: ginecologia, pulmão, mama, urologia, hematologia, gastrointestinal, medicina de precisão, sarcoma, pele, cabeça e pescoço, sistema nervoso central, multidisciplinar, cuidados paliativos, neuroendócrinos, onco-hemato-pediatria e radioterapia.

Seguindo esse propósito de fomentar progressos, a Oncoclínicas abriu inscrições para o Prêmio VEJA SAÚDE & Oncoclínicas de Inovação Médica, em parceria com a revista VEJA SAÚDE, da Editora Abril, para descobrir ideias e realizações com potencial inovador capazes de mudar a vida e a saúde dos brasileiros – projetos podem ser submetidos à premiação até 23 de outubro.

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Segundo a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC, na sigla em inglês), entidade vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 18 milhões de pessoas receberam o diagnóstico da doença em 2020 e a expectativa é que, em 20 anos, esse número chegue a 28 milhões de novos casos ao ano. No Brasil, as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam mais de 700 mil novas ocorrências só este ano.

Inteligência Artificial, o assunto do momento

Na quinta-feira 14, o congresso contou com uma palestra especial de Marcelo Gleiser, renomado cientista, professor- itular de Física e Astronomia no Dartmouth College, com doutorado pelo King’s College de Londres, que falou sobre a inteligência artificial e suas implicações para o futuro com foco no cenário da Medicina. Assunto do momento, a IA é muito utilizada na Medicina e na Oncologia, demonstrando avanços em campos como Genômica e Medicina de Precisão – tema de diversos painéis.

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“O conhecimento coletivo da Genômica do câncer em diferentes populações ajuda a compreender os mecanismos específicos da doença de um paciente, identificando as alterações responsáveis pela progressão do tumor que o tornam resistente ao tratamento. O objetivo é identificar as alterações genômicas mais relevantes para o tumor e que podem ser bloqueados com terapias-alvo ou imunoterapias”, explica Rodrigo Dienstmann, diretor médico da Oncoclínicas Precision Medicine, do Grupo Oncoclínicas.

Diversidade: a medicina para todos

Outra questão importante abordada nas palestras de quinta-feira foi a diversidade na Medicina.  Sob o comando da médica oncologista Abna Vieira, um painel abordou a problemática de que os tratamentos mais avançados ainda são feitos e acessados por poucos, já que a baixa presença de grupos minoritários raciais e de gênero, no acesso e também na linha de frente, são infinitamente inferiores.

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“A gente observa uma prevalência de pessoas brancas e de origem europeia nas pesquisas científicas. Isso segrega a busca por inovações e soluções, deixando fora as particularidades de algumas populações, que terão acesso a drogas, por exemplo, menos eficazes”, diz Abna, Líder do Programa Multidisciplinar na área de Diversidade do Congresso.

Além das questões raciais, a palestra trouxe uma reflexão também sobre a negligência ao público LGBTQIAPN+. “Focar em como podemos melhorar essa situação e abordar a diversidade de aspectos que vão além do diagnóstico e dados estatísticos de incidência, com olhar de lupa para as diversas questões que também geram impactos no controle da doença e na qualidade de vida da pessoa com câncer, é fundamental”.

 A importância da multidisciplinaridade

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Tratar pacientes com câncer é tarefa complexa, e hoje se entende que, além do diagnóstico e tratamento médico, é importante atentar-se aos diversos fatores da trajetória de cada indivíduo. Essa temática da multidisciplinaridade foi abordada por Cristiane Bergerot, líder nacional da Equipe Multidisciplinar do Grupo Oncoclínicas. “Esses fatores abrangem não apenas os sintomas emocionais, físicos e funcionais, mas também as dimensões social e familiar, bem como os desafios financeiros enfrentados pelo paciente e as sequelas do tratamento, como por exemplo, a fertilidade. Esses e outros temas serão aprofundados durante esse congresso, reforçando nossa missão de ir além da simples gestão da doença”, disse a médica.

A fé contra o câncer

Além das palestras, o congresso trouxe o lançamento do livro “Encontros Ecumênicos – Amor e gratidão na arte de compartilhar”, organizado pela médica oncologista Clarissa Mathias, referência em medicina humanizada. “São pouco mais de 160 páginas nas quais compartilhamos ‘pílulas de luz’, com temas como cooperação, gentileza, gratidão, paz, amor, alegria, tolerância, respeito, perdão, oração”, conta ela, que acredita que a espiritualidade e a fé podem ajudar na jornada de um paciente com câncer”.

“Os encontros ecumênicos on-line que fazemos entre médicos e pacientes, voltados ao acolhimento e sempre com participação de representantes de diferentes religiões, no início aconteciam semanalmente e agora são quinzenais. São uma forma de conforto espiritual e funcionam também como uma rede de apoio emocional para os pacientes oncológicos”, ressalta Clarissa, que além do livro, recebeu homenagens pelo seu aniversário e pela notícia de ser a primeira mulher brasileira a integrar o grupo de Fellows da ASCO (American Society of Clinical Oncology). “Muitos presentes no mesmo dia”, afirmou.

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