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IA ajuda em triagem de doença causada por diabetes que pode cegar

Em congresso sobre retina, estudos comprovaram eficácia de ferramenta até em meio à guerra da Ucrânia; método acelera análise dos casos

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 27 set 2024, 20h19

BARCELONA* — O uso da inteligência artificial tem se mostrado essencial para agilizar etapas no ramo da saúde em especial nos processos que envolvem análises de exames de imagem. No campo da oftalmologia, a IA pode acelerar triagens que são essenciais para detecção de doenças como a retinopatia diabética, condição que afeta a qualidade da visão e pode levar à cegueira. O tema esteve presente nos principais painéis do congresso Euretina, da Sociedade Europeia de Especialistas em Retina, realizado na semana passada em Barcelona, na Espanha.

O professor de oftalmologia, Adnan Tufail, da University College London (UCL), apresentou os impactos positivos da adoção da IA para determinar os níveis de gravidade da doença a partir de exames de fundo de olho e a importância da adoção da ferramenta para o diagnóstico.

Sua equipe avaliou dados de triagem com 1,2 milhão de imagens do período de 1º de janeiro de 2021 a 31 de dezembro de 2022 e constatou a efetividade do uso da tecnologia. Por mais que o achado seja conhecido, o diferencial do trabalho de Tufail foi mostrar a possibilidade de aplicação do método em sistemas de saúde públicos, caso do NHS, do Reino Unido.

“O que acontece é que essas tecnologias são aplicadas em pequena escala, provavelmente para pacientes que veriam seu médico de qualquer forma. O Brasil, assim como o Reino Unido, tem uma taxa enorme de diabetes e os pacientes muitas vezes não comparecem ou não podem pagar pelo atendimento. São esses que acabam desenvolvendo complicações graves”, disse a VEJA“E, uma vez que eles perdem a visão, não vão recuperá-la e o custo para o país e para suas famílias é enorme. O ideal é que isso seja feito de alguma forma no âmbito da saúde pública”, completa.

Triagem até na guerra

Pacientes que vivem com diabetes precisam manter a condição controlada e seguir o tratamento corretamente. Quando estão descompensados, o excesso de açúcar no sangue causa lesões nos vasos sanguíneos, causando um vazamento de sangue e líquido na retina, a membrana que envia as imagens para o cérebro. É a retinopatia diabética. Nela, os pacientes podem apresentar visão embaçada, dificuldade para ver na região central e até cegueira.

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Segundo Tufail, o destaque para a rede pública está ligado à oferta do tratamento. “Não adianta realizar triagens nos pacientes se você não pode tratá-los. A menos que você tenha um sistema onde o paciente possa pagar pelo tratamento em tempo hábil, é um desperdício de tempo fazer a triagem. É pior quando você identifica o problema e o paciente não consegue ser tratado.”

Como é uma tecnologia já está avançada e em uso em diferentes áreas da saúde, é possível aplicar o método mesmo em condições adversas. Um dos estudos usou uma IA em pacientes em meio à guerra na Ucrânia.

Na pesquisa, o software avaliou 1.612 pessoas com diabetes no período de agosto de 2023 a fevereiro de 2024, quando o país já estava sob ataque da Rússia. Eles foram submetidos a exame de fundo de olho e a IA Retina-AI CheckEye demonstrou 93% de sensibilidade (positivo em pessoas com a condição) e 88% de especificidade (negativo em quem não apresenta a doença) para a detecção da retinopatia diabética.

Otimizar o tempo

Outros estudos apresentados no Euretina mostraram que a IA além de manter a precisão da avaliação dos oftalmologistas, pode ser classificada como uma ferramenta eficaz e imediata para detecção da doença já na atenção primária. Dessa forma, podem integrar os atendimentos de rotina de pacientes com diabetes de forma mais ágil.

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CEO da Retina.help, Philipp Schapotschnikow mostrou um trabalho com o software desenvolvido pela empresa em 2021, gratuito, e que já foi aplicado em 15 países em quatro continentes. A análise de dados do Brasil com 2.378 imagens de 1.294 pacientes mostrou que o uso de IA na triagem demonstra 95,3% de sensibilidade e 84,9% de especifidade.

A vantagem é a agilidade. “Quem avalia os exames não pode examinar os pacientes. Eles apenas leem as imagens e esse não é um trabalho que você gostaria de fazer das 9h às 17h. A IA pode fazer isso muito melhor. Então, se uma pessoa pode olhar para uma imagem e tomar uma decisão com base nela, o software de IA pode fazer o mesmo. Isso é um consenso.”

Ele acredita que a tecnologia deve integrar os programas de triagem no futuro pelo fato de a retinopatia diabética estar ligada a um tipo de cegueira que é possível de evitar, de modo que cobra cada vez mais ações imediatas. “Se você trata o diabetes com um dermatologista ou um clínico geral e não cuida dos seus olhos, em algum momento a visão pode simplesmente desaparecer e será tarde demais. E isso é muito triste, porque se a doença for detectada em um estágio inicial, ela pode ser combatida de forma muito eficiente.”

* A repórter viajou a convite da Bayer

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