‘Há uma mudança acontecendo’, diz ginecologista Mary Claire Haver sobre menopausa
Autora do best-seller internacional 'A Nova Menopausa' conversou com VEJA com exclusividade

A transição hormonal, física e mental pela qual passam as mulheres de meia-idade protagoniza uma safra de livros que chegam ao mercado editorial. Um deles é o best-seller internacional A Nova Menopausa (Editora Intrínseca), da ginecologista Mary Claire Haver. Ela conversou com VEJA com exclusividade.
Qual é o maior desafio para quem vive a menopausa hoje? Um dos aspectos mais desafiadores é a falta de conhecimento e apoio em torno da menopausa. As mulheres são frequentemente surpreendidas por sintomas como ganho de peso, confusão mental, alterações de humor e fadiga, mas, durante anos, foram instruídas a simplesmente “seguir em frente” ou aceitar isso como parte normal do envelhecimento.
A menopausa foi negligenciada durante anos pela própria medicina? O machismo e o preconceito têm dificultado inclusive a pesquisa e o tratamento da menopausa. Durante décadas, os sintomas das mulheres foram descartados como “histeria” ou “envelhecimento”, levando à falta de treinamento médico e à carência de soluções eficazes.
Mas agora isso mudou? A pesquisa sobre a menopausa continua subfinanciada, mas uma mudança está acontecendo. As mulheres se defendem, quebram o silêncio e exigem mais estudos. Quanto mais conhecimento tivermos a respeito, mais empoderadas estaremos.
Nessa busca por novos tratamentos para menopausa, há o risco de equiparar o período a uma doença? A menopausa é uma fase da vida, não uma doença. Mas isso não significa que as mulheres devam passar por ela sem apoio. O verdadeiro problema não é a patologização excessiva da menopausa. É que, por muito tempo, ela tem sido ignorada, descartada e subtratada. O objetivo não é medicalizar a menopausa, mas garantir que as mulheres tenham acesso aos tratamentos, a estratégias de estilo de vida e a um suporte adequado para se sentirem bem.
O que teria a dizer sobre a controversa reposição hormonal? Ela é segura, eficaz e altamente benéfica para muitas mulheres quando iniciada no momento certo. Os medos ultrapassados, vindos de um estudo de 2002, foram amplamente desmascarados, e agora sabemos que essa terapia pode aliviar os sintomas, proteger a saúde óssea e cerebral e melhorar a qualidade de vida. As mulheres merecem informações precisas e acesso a tratamentos que as ajudem a prosperar. A reposição hormonal pode não ser a escolha ideal para todas as pacientes, mas elas ao menos merecem ter uma conversa embasada para entender suas opções.
Publicado em VEJA de 25 de abril de 2025, edição nº 2941