Governo brasileiro oficializa interesse na compra de vacina da Pfizer
De acordo com a farmacêutica, termos e condições para o contrato de fornecimento estão em negociação
Nesta quinta-feira, 10, o governo brasileiro manifestou formalmente seu interesse na compra de 70 milhões de doses da vacina da Pfizer em parceria com a empresa alemã de biotecnologia BioNTech por meio da assinatura da carta de intenção de compra enviada pela farmacêutica.
De acordo com comunicado da Pfizer, os termos e condições para o contrato de fornecimento estão em negociação. A farmacêutica já iniciou o pedido de submissão contínua na Anvisa, mas ainda não solicitou a aprovação para o uso emergencial. A vacina somente poderá ser aplicada no Brasil após a aprovação da agência.
A assinatura da carta de intenções representa uma mudança de postura do Ministério da Saúde, que não demonstrava interesse na compra do imunizante. Em agosto, a Pfizer já havia feito uma proposta formal de fornecimento de milhões de doses da vacina ao Brasil, ainda este ano ou no início do ano que vem. Mas, conforme revelou Carlos Murillo, CEO da Pfizer no Brasil, à VEJA, o governo brasileiro simplesmente ignorou essa proposta e nunca respondeu a farmacêutica.
Os principais motivos para o desinteresse do governo no imunizante seriam o fato de a Pfizer não estar interessada em um acordo de transferência de tecnologia para produção da vacina no país e a necessidade de armazenar a vacina a 70 graus negativos, temperatura inferior ao comum da rede de resfriamento brasileira.
Na segunda-feira, 7, início da semana, o Ministério da Saúde já havia sinalizado o avanço nas tratativas com a farmacêutica para a aquisição de 70 milhões de doses. Em reunião com governadores e secretários da Saúde, realizada na terça-feira, 8, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que 8,5 milhões dessas doses poderiam chegar ao país no “primeiro semestre de 2021″. No entanto, ele não especificou o mês.
A oficialização do interesse do governo brasileiro na aquisição das doses ocorre no mesmo dia em que um painel de consultores independente da FDA, agência americana que aprova medicamentos, deu sinal verde para aprovação do imunizante contra a Covid-19. Também nesta quinta-feira, 10, o renomado periódico científico New England Journal Of Medicine publicou um estudo validando os resultados preliminares da fase 3 de estudos clínicos da vacina do consórcio Pfizer/BioNTech.
As empresas foram as primeiras a conseguirem comprovar a eficácia de um imunizante contra o novo coronavírus em um resultado surpreendente: a vacina é capaz de prevenir 95% dos casos da doença. Para efeito de comparação, a FDA e a Organização Mundial da Saúde (OMS) estipularam que um imunizante contra a Covid-19 deveria ter uma eficácia mínima de 50%.