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Falar mais de um idioma diminui o risco de Alzheimer; entenda

Pessoas bilíngues tendem a pontuar mais alto em testes de memória na velhice, segundo estudo

Por Diego Alejandro
2 Maio 2023, 18h32

Além de abrir várias portas ao longo da vida, falar mais de uma língua desde tenra idade pode melhorar a memória e as habilidades cognitivas, inclusive quando estamos mais velhos. A conclusão é de um novo estudo conduzido por pesquisadores na Alemanha, publicado na edição de abril da revista Neurobiology of Aging, que se soma a duas décadas de trabalho sugerindo que o bilinguismo pode proteger contra a demência e o declínio cognitivo em idosos.

Isso se deve, acreditam os neurocientistas, à capacidade de pessoas bilíngues de alternar facilmente entre dois idiomas, habilidade com potencial para ajudá-los a aplicar estratégias semelhantes em outras competências que ajudam a retardar a demência mais tarde, entre elas, o autocontrole.

Mais de 700 pessoas, com idades entre 59 e 76 anos, participaram pesquisa e aquelas que falavam mais de um idioma obtiveram pontuações mais altas em linguagem, memória, foco, atenção e habilidades de tomada de decisão, em comparação com os que falavam apenas uma língua. “O bilinguismo pode atuar como fator de proteção contra o declínio cognitivo e a demência”, concluíram os pesquisadores. 

“Investigar o bilinguismo em diferentes fases da vida é uma abordagem única”, disse Boon Lead Tee, neurologista da Universidade da Califórnia, em São Francisco, ao jornal The New York Times. Com o tamanho da amostra “impressionantemente grande”, disse ela, os autores do estudo provavelmente podem gerar outros resultados novos, como o impacto da idade em que uma pessoa adquiriu cada idioma para sua cognição mais tarde na vida.

Ela alertou, no entanto, que o estudo se concentrou apenas em um aspecto do bilinguismo: usar duas línguas todos os dias por longos períodos de tempo. Os efeitos positivos sobre a cognição podem vir a ser causados por outro fator, como a idade em que as duas línguas foram codificadas na memória ou as experiências demográficas ou de vida específicas de pessoas que são bilíngues.

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Os resultados poderiam ter sido diferentes, por exemplo, se os pesquisadores tivessem perguntado aos voluntários se eles falavam um segundo idioma uma vez por semana, ou até com menos frequência, em vez de todos os dias.

Bilinguismo e Alzheimer

As descobertas do estudo sobre bilinguismo e habilidades cognitivas são particularmente relevantes quando se considera a importância da reserva cognitiva e da estimulação cerebral na prevenção da doença de Alzheimer.

A reserva cognitiva refere-se à capacidade do cérebro de se adaptar e compensar danos neurológicos, que são adquiridos ao longo do tempo, e acredita-se que seja aprimorada por atividades que estimulam o cérebro, como aprender um novo idioma. 

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Se de fato o bilinguismo na primeira infância e na meia-idade tem um efeito benéfico na saúde cognitiva na velhice, portanto, incentivar as pessoas a se envolverem em atividades estimulantes do cérebro pode ser uma estratégia eficaz para promover a reserva cognitiva e reduzir o risco da doença de Alzheimer.

Entretanto, como muitos cientistas estudam o bilinguismo e o cérebro, os resultados das pesquisas variam. Alguns pesquisadores descobriram que pessoas bilíngues podem somente atrasar um pouco a demência. Já outros estudos mostraram que não há benefício claro do bilinguismo. É certamente um campo aberto para a neurociência, com muito a se desbravar.

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