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Exame de 4 horas traz diagnóstico não invasivo para problemas urinários infantis

Método permite identificar disfunções de forma precisa e precoce, contribuindo para prevenção de complicações graves e adaptação a tratamentos mais eficazes

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 13 nov 2024, 18h11

O diagnóstico de disfunções urinárias em crianças pequenas, especialmente naquelas que ainda usam fraldas, pode ser um verdadeiro desafio. Identificar problemas como a disfunção da bexiga muitas vezes exige métodos invasivos, como a urodinâmica, um exame que envolve a introdução de uma sonda na uretra para medir as pressões internas da bexiga e avaliar seu funcionamento. Esse procedimento, embora eficaz, pode ser desconfortável e assustador para crianças e suas famílias. Diante disso, surge uma alternativa: o Teste de 4 Horas.

A abordagem já é amplamente utilizada na Europa e recomendado pela International Children’s Continence Society (ICCS), uma organização global que estabelece diretrizes para o tratamento de incontinência e disfunções urinárias em crianças. O exame funciona como um “diário miccional” adaptado em que a criança usa uma fralda equipada com um sensor de umidade que registra o volume e os horários cada vez que ela urina durante um período de quatro horas. Além disso, a ultrassonografia é usada para avaliar o volume residual de urina na bexiga e medir o diâmetro retal, o que ajuda a identificar a constipação, uma condição frequentemente associada a disfunções urinárias.

“Esse teste é uma forma não invasiva de diagnosticar disfunções da bexiga, permitindo uma análise completa sem o desconforto de métodos tradicionais. É especialmente útil para crianças com condições neurológicas, como autismo e síndrome de down, que podem ter dificuldades em alcançar o controle urinário e demorar mais para abandonar as fraldas”, explica Ubirajara Barroso Jr., urologista da rede D’Or São Luiz que lidera a inicativa de popularizar o teste no Brasil. 

Vantagens do método

Métodos convencionais como a cistografia e a urodinâmica são eficazes, mas muitas vezes limitados em suas abordagens. A cistografia, por exemplo, usa um contraste para verificar refluxo de urina entre a bexiga e os rins, mas não detecta outros tipos de disfunção e, em 30% dos casos, não é diagnosticado o próprio refluxo. Já a urodinâmica, apesar de detalhada, é mais invasiva e requer condições clínicas específicas.

“O Teste de 4 Horas é uma ferramenta valiosa porque combina a simplicidade com uma análise abrangente. Ele não só observa os padrões de micção como também fornece dados ultrassonográficos sobre a bexiga e o reto”, ressalta o urologista. Essa análise é crucial, pois a constipação pode passar despercebida em exames mais convencionais, mas desempenha um papel importante na ocorrência de disfunções urinárias e infecções recorrentes.

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Impacto na saúde pública e inclusão no SUS

A inclusão do Teste de 4 Horas no Sistema Único de Saúde (SUS) é uma das metas de Barroso Jr., que acredita que essa medida pode diminuir as desigualdades no acesso ao diagnóstico. “Sabemos que há uma diferença muito grande de acesso à saúde, então, crianças pobres não teriam o diagnóstico de disfunção vesical e necessitariam de um método mais invasivo que é também difícil de encontrar pelo SUS.”

O urologista defende que o teste ajudaria a prevenir complicações graves, como infecções urinárias recorrentes e danos renais. “Esse método não só melhora a qualidade de vida das crianças, que podem ser ensinadas a deixar as fraldas, mas também beneficia os pacientes neurológicos, além daqueles que enfrentam infecções urinárias, que, muitas vezes, são uma das razões para o atraso no desfralde”, completa.

Exemplos práticos e adaptação de tratamentos

A eficácia do Teste de 4 Horas vai além do diagnóstico, influenciando diretamente o tratamento. Crianças com jato urinário fraco e resíduo urinário elevado podem se beneficiar com medicamentos que estimulam a função da bexiga, enquanto um diâmetro retal aumentado pode indicar a necessidade de tratamento para constipação com laxantes.

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“O teste nos permite adaptar o tratamento de forma precisa”, explica o urologista. Ele compartilha um caso prático: “Infecções urinárias recorrentes podem não ser explicadas pelos exames tradicionais em bebês. O Teste de 4 Horas pode revelar que o resíduo urinário elevado e a constipação estariam contribuindo para as infecções, por exemplo”. Assim, o médico ressalta que é possível diagnosticar mais rapidamente o paciente e proteger seus rins. 

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