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Estudo inédito traça perfil do brasileiro com insuficiência cardíaca

Dados apresentados em congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia apontam que pacientes não aderem ao tratamento mesmo após internação

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 27 ago 2022, 18h30

Metade dos brasileiros com insuficiência cardíaca abandona as medicações recomendadas ainda no primeiro ano após uma situação de alerta, como uma internação. A conclusão é do primeiro Registro Brasileiro de Insuficiência Cardíaca (Breathe), que analisou dados de 3 mil pacientes em um estudo que traça o perfil de quem vive com a doença, responsável por afetar a capacidade do coração de bombear o sangue para o resto do corpo. Os dados foram apresentado neste sábado, 27, durante o congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC, na sigla em inglês), realizado em Barcelona, na Espanha.

Os pesquisadores coletaram informações nos anos de 2011 e de 2016 de pacientes que foram internados com a condição e acompanhados ao longo de todo o ano seguinte à alta hospitalar. A idade média dos pacientes era de 65 anos e 39,3% eram do sexo feminino. No Brasil, são registrados 400 mil casos da doença por ano e a taxa de mortalidade chega a 10%.

Durante o período analisado, o grupo observou o padrão de não adesão ao tratamento, algo que pode impactar na saúde do paciente e, em casos mais graves, levar à morte. “O paciente com insuficiência cardíaca é uma polifarmácia, porque precisa de, ao menos, quatro medicamentos. Mas percebemos que, com o passar do tempo, ele vai diminuindo a dosagem e, em um ano, metade deixa de usar a medicação”, explica um dos autores do estudo, Denilson Albuquerque, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

A presença de comorbidades, outro fator que impacta no quadro dos pacientes, também foi avaliada pelo grupo e a maioria dos pacientes tinha hipertensão (74,8%). Diabetes estava presente em 37,6% dos casos e doença crônica renal, em 21,4%. Segundo o estudo, 25,3% das pessoas internadas com insuficiência cardíaca já tinham sofrido um episódio de infarto.

De acordo com Albuquerque, problemas na adesão ao tratamento tinham sido observadas no primeiro levantamento, em 2011. Então, medidas de conscientização e de oferta de informações sobre a doença foram implementadas entre os profissionais da cardiologia. Os resultados foram positivos e apareceram na comparação entre as bases de dados dos dois períodos analisados.

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O tempo de hospitalização caiu de 22 dias (2011) para 19,5 dias (2016) e o índice de mortes intra-hospitalares passou de 12,65% para 9,71%. As taxas de reinternação também caíram. A readmissão hospitalar em três meses foi de 19,6% para 16,2%. Em seis meses, a queda foi de 31,8% para 26,1%.

Com base nos dados, os pesquisadores pretendem ampliar a disseminação de conteúdo sobre a importância de realizar o tratamento para a doença sem interrupções e contar com a participação de médicos de outras especialidades. “Não há adesão sem um paciente bem informado e sabemos que, a cada reinternação, uma pessoa pode morrer precocemente.”

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