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Estudo desvenda variantes genéticas que ajudam explicar a infertilidade

Genes que afetam a capacidade de ter filhos também podem favorecer doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer, conclui pesquisa

Por Diego Alejandro
30 Maio 2023, 12h00

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), os casais que não usam métodos contraceptivos durante 12 meses e não conseguem engravidar são considerados inférteis. Para mulheres acima de 35 anos, o recomendado é avaliação com 6 meses de tentativas infrutíferas. Estatísticas da entidade também mostram que 50 a 80 milhões de pessoas em todo o mundo podem ser inférteis. No Brasil, esse número chega a 8 milhões.

O problema é que os fatores que possibilitam a infertilidade são diversos e podem ser femininos, masculinos ou devido à associação de dificuldades dos dois componentes do casal… Em cerca de 30% dos casos, a causa é inexplicável. Mas a investigação do DNA poderá ajudar a determinar o que está por trás. Um novo estudo aponta que pode existir uma relação entre a infertilidade e variantes genéticas já ligadas a outras doenças.

Cerca de 17% das mulheres com infertilidade inexplicável têm também variantes genéticas conhecidas por causar doenças, incluindo câncer, de acordo com o trabalho liderado por investigadores do Medical College of Georgia, nos EUA.

+ LEIA TAMBÉM: Por que o mundo está cada vez mais infértil?

A associação entre a infertilidade e algumas doenças já tinha sido identificada. Então o que descobriram agora os cientistas?

“As nossas descobertas apoiam uma ligação genética entre infertilidade e outra doença no futuro. Ambas surgem como resultado de variantes de genes”, afirmam os autores do estudo publicado no periódico científico The New England Journal of Medicine.

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No cômputo, 6,6% das mulheres que foram estudadas tinham 59 genes denominados “mutações acionáveis”. Isso significa que, além da infertilidade, eram mais suscetíveis a tumores e doenças cardíacas. Em comparação, entre 2% e 2,5% da população em geral possui variantes nesses mesmos genes.

Outros 10% das mulheres inférteis que foram estudadas tinham variantes de genes conhecidos por causar doenças como Parkinson, para as quais pouco ou nada se podia fazer para reduzir o risco do seu desenvolvimento.

Foram estudados 197 genes em mulheres com idades entre os 18 e os 40 anos com infertilidade inexplicável, com foco em trechos do DNA já relacionados a doenças ou suspeita de doenças. As duas variantes genéticas citadas e encontradas com maior frequência foram aquelas atreladas a maior propensão a câncer e problemas cardiovasculares. 

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Os cientistas concluíram que, neste momento, não é recomendável a realização de testes genéticos em mulheres com infertilidade inexplicável, mas, havendo novas descobertas reforçando os achados, essa poderá ser uma estratégia viável para lidar tanto com a dificuldade de ter filhos como com os riscos de outras doenças. 

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