Carne vermelha ou de frango? A escolha impacta no risco de câncer
Pesquisa americana mostrou que o consumo da carne de frango reduz o risco de tumor de mama, diferentemente do que ocorre com a carne vermelha
Trocar a carne vermelha pela branca é uma recomendação antiga dos profissionais de saúde como forma de evitar uma série de problemas de saúde. Agora, novo estudo indica que essa troca pode reduzir o risco de câncer. Os pesquisadores descobriram que mulheres que comem carne de aves, como frango, peru e pato, apresentam 15% menos risco de desenvolver câncer de mama. Já as mulheres que preferem a carne de boi ou porco estão 23% mais propensas a receber o diagnóstico da doença.
“A carne vermelha foi identificada como um provável agente cancerígeno e pode estar associado ao aumento do risco de câncer de mama. Já a carne de frango pode reduzir este risco”, explicou Dale Sandler, principal autor do estudo, ao The Independent.
O novo estudo, publicado na revista International Journal of Cancer, não é o primeiro a identificar os perigos do consumo da carne vermelha. Em 2014, estudo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, revelou que o maior consumo do alimento durante o início da vida adulta eleva o risco de câncer de mama. Já uma pesquisa deste ano, realizado pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, mostrou que o consumo de carnes processadas, como salsicha, presunto, linguiça e bacon, durante quatro dias na semana eleva o risco de câncer intestinal em 20%.
Por causa disso, especialistas recomendam que as pessoas reduzam o consumo da carne vermelha, especialmente as processadas, e substitua as porções por uma combinação de frango, leguminosas, nozes e peixe.
O estudo
Para chegar a esses resultados, os pesquisadores analisaram a dieta e os métodos de cozimento de 42.012 mulheres com idade entre 35 e 74 anos que nunca foram diagnosticadas com câncer, mas tinham uma irmã que teve a doença. Ao longo dos sete anos de estudo, a equipe identificou 1.536 casos de câncer de mama invasivo, caracterizado por células malignas que começam no duto de leite e rompem a barreira do duto, crescendo no tecido adiposo da mama – responsável pelo armazenamento de gordura.
A análise mais detalhadas destes casos mostrou que as mulheres que consumiram mais carne vermelha estavam mais propensas a desenvolver esta forma de câncer – que corresponde a 80% dos casos – do que aquelas que comiam mais carne branca. Os números permaneceram iguais mesmo depois que os pesquisadores consideraram outros fatores de risco para o câncer de mama. A equipe ainda notou que a forma de preparo das aves (frita, cozida, assada ou grelhada) não pareceu interferir no risco.
De acordo com os cientistas, a provável explicação para esse efeito redutor está ligado ao fato de que a ingestão de frango promove baixa atividade mutagênica, reduz o stress interno da célula e provoca menos dano ao DNA – problemas que aumentam o risco de câncer. “Nosso estudo fornece evidências de que substituir a carne vermelha por aves é uma mudança simples que pode ajudar a reduzir a incidência de câncer de mama”, comentou Sandler ao Daily Mail.
Apesar das descobertas, os cientistas ainda não sabem explicar a relação entre o consumo de frango e o menor risco de câncer de mama. Além disso, a investigação envolveu apenas mulheres com histórico familiar da doença e, portanto, esses achados podem não se aplicar a indivíduos sem histórico. Outro ponto ressaltado pela equipe é de que pessoas que optam pelo frango geralmente têm um estilo de vida mais saudável – o que também interfere no risco de câncer.
Carne vermelha e câncer
De acordo com especialistas, a carne vermelha contêm composto de ferro heme, além de ser rica em gordura e ácido neuramínico – substâncias que têm sido associadas à formação de tumores. A forma de preparação da carne também produz substâncias químicas conhecidamente cancerígenas. Outras substâncias causadoras do câncer podem surgir durante o processamento industrial da carne.
Alguns cientistas, no entanto, dizem que os riscos de câncer devido ao consumo de carne são pequenos.