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Estudo confirma: miopia está cada vez mais comum entre as crianças

Tendência mundial se agravou após a pandemia, reforçando necessidade de exames oftalmológicos e medidas preventivas

Por Diego Alejandro
3 jul 2023, 10h43

Cada vez mais crianças precisam usar óculos, algo que, pouca gente sabe, também tem a ver com estilo de vida. Quem passa muito tempo em ambientes fechados durante a infância tem maior propensão à miopia, e o uso de tablets e smartphones nessa fase só tende a piorar a situação. Esse cenário remete a lembranças de um passado recente, não?

Pois um novo estudo, publicado em um dos periódicos da Associação Médica Americana e conduzido por cientistas de Hong Kong e China, quantificou o estrago ocular desencadeado pela pandemia. Em 2020, o crescimento do diagnóstico de miopia entre crianças de 6 anos foi de 28,8% e, em 2021, de 36,2%. Antes da pandemia, entre 2015 e 2019, a taxa de miopia mais alta foi de 5,7%.

Concluiu-se, então, que a prevalência do quadro que dificulta enxergar bem a distância foi significativamente maior do que antes da pandemia, e o estilo de vida não voltou aos níveis pré-coronavírus. Crianças mais novas e de famílias de baixa renda apresentaram maior risco de desenvolver miopia durante a pandemia, sugerindo que esforços coletivos para o controle da condição devem ser priorizados para esses grupos.

Apesar de ser um dos poucos estudos pós-pandemia a serem publicados sobre o tema, ele é indicador de um processo que há muito tempo ocorre, e só foi exacerbado na crise de saúde mundial. Atualmente, por exemplo, a taxa de miopia em Cingapura é de cerca de 80% entre os jovens adultos. O local é conhecido como a “capital mundial da miopia”.

Nos Estados Unidos, cerca de 40% dos adultos são míopes, ante 25% em 1971. E as taxas aumentaram em níveis similares no Reino Unido. Já a prevalência entre adolescentes e jovens adultos da Coreia do Sul, de Taiwan e da China continental gira entre 84 e 97%. Se essa tendência continuar, metade da população mundial será míope em 2050. Projeções na mesma direção, ainda que menos impactantes, são apontadas para o Brasil.

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Afinal, o que pode estar por trás dessa crise global na visão? “Primeiro, é importante observar que os asiáticos – população em que a maioria dos estudos é realizada – têm uma incidência maior de miopia que a população geral”, diz Leonardo Marculino, oftalmologista do Hospital CEMA, em São Paulo. 

Mas, além das causas genéticas, que não podem ser modificadas (crianças com um dos pais míopes têm 3 vezes mais chances de portar o problema), existem os fatores ambientais e de estilo de vida, que podem ser revertidos, explica o especialista.

“Os estudos mostram que o aumento do uso da visão de perto é um fator de risco e agravante para a incidência de miopia e o lazer e atividades em ambientes externos, com luz natural e um campo de visão maior, representam um fator protetor”, conta Marculino.

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Tais fenômenos ajudam a explicar por que o aumento da educação, com ênfase em longas horas passadas em salas de aula, ainda que sejam um marco altamente positivo para o desenvolvimento infantil, inadvertidamente propicia maiores índices de miopia como efeito colateral. Algo que pode ser potencializado por aulas on-line. 

Para minimizar os danos, recomenda-se que crianças precisam ter pelo menos 2 horas diárias de atividades em ambientes externos, além de ter tempo de tela controlado. Com relação às consultas oftalmológicas, importantíssimas para um diagnóstico precoce, elas devem começar literalmente cedo: o teste do olhinho é feito logo que o bebê nasce.

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