Especialistas recomendam o uso do mel natural para tratar a tosse
A utilização frequente de antibióticos para tratamento de tosses leves pode desencadear resistência bacteriana
Quando estiver com tosse, prefira como opção de tratamento o mel natural no lugar de antibióticos, aconselham novas diretrizes de saúde do Instituto Nacional de Saúde e Cuidados Excellence (NICE, na sigla em inglês) e a Public Health England (PHE), na Inglaterra. De acordo com especialistas, as tosses podem ser facilmente tratadas dentro de poucas semanas sem a necessidade de antibióticos.
“Se alguém tem nariz escorrendo, dor de garganta e tosse, esperamos que o problema seja resolvido dentro de duas a três semanas, portanto, os antibióticos não são necessários”, disse Tessa Lewis, presidente do grupo de orientação antimicrobiana da NICE, ao The Independent. A procura por um clínico só é recomendada no caso de tosse prolongada que cause falta de ar ou se o indivíduo sentir que está de fato muito doente e não consegue melhorar sem medicação.
Para casos especiais, como tosse aguda ou condição preexistente (doença pulmonar ou fibrose cística), aconselha-se procurar o médico o mais rápido possível. “Esta diretriz dá aos profissionais de saúde e pacientes as informações necessárias para fazer boas escolhas sobre o uso de antibióticos. Encorajamos somente quando uma pessoa está em risco de complicações posteriores”, comentou Mark Baker, diretor do centro de diretrizes do NICE, ao The Telegraph.
Alternativas eficientes
Além do mel, já conhecido por suas propriedades atenuantes, medicamentos disponíveis para compra sem receita podem ajudar a aliviar a tosse por terem em sua fórmula vários ingredientes terapêuticos, como pelargonium, guaifenesina e dextrometorfano. A combinação do mel com limão, gengibre ou bebidas quentes também é um remédio caseiro clássico e efetivo para tosses e dores de garganta.
De acordo com o The Telegraph, a orientação ainda destacou o resultado de pesquisas anteriores que mostraram como o mel foi capaz de reduzir significativamente a frequência e a gravidade das tosses em comparação com tratamentos à base de placebo – substância sem propriedades farmacológicas geralmente usadas na realização de estudo para fins de comparação.
No entanto, o mel não é recomendado para crianças com menos de 1 ano, já que ocasionalmente contém bactérias que podem causar botulismo infantil. De acordo com o Ministério da Saúde, o botulismo infantil é um tipo intestinal muito frequente em crianças com idade entre 3 e 26 semanas. Uma das principais causas é a ingestão de mel de abelha nas primeiras semanas de vida. Essa doença pode ser responsável por 5% dos casos de morte súbita em lactentes.
Risco dos antibióticos
Todos essas alternativas podem substituir os antibióticos em casos mais leves. “A resistência aos antibióticos é um problema enorme e precisamos agir agora para reduzir seu uso. Tomá-los quando não se precisa deles coloca você e sua família em risco de desenvolver infecções que, por sua vez, podem não ser facilmente tratadas”, explicou Susan Hopkins, infectologista da PHE.
Segundo a BBC, um estudo recente publicado pela Public Health England revelou que cerca de uma em cada cinco prescrições para antibióticos realizadas por clínicos gerais no Reino Unido pode ser inadequada. E isso pode estar ameaçando a eficácia do medicamento a longo prazo. Por esse motivo, Susan pediu aos clínicos gerais que prescrevam antibióticos somente quando realmente necessários, como no caso de pacientes que correm risco de complicações em virtude de outras doenças mais graves.
Superbactérias
Muitos casos de superbactérias estão sendo relatados nos últimos tempos; um dos motivos do aumento na incidência é o uso exacerbado e inadequado de antibióticos, cujas prescrições não são seguidas à risca, permitindo que algumas bactérias não sejam eliminadas e desenvolvam resistência à medicação.
No ano passado, Dame Sally Davies, Conselheira Científica Chefe do Departamento de Saúde da Inglaterra, fez um apelo aos líderes globais solicitando que o tópico fosse mais abordado, especialmente porque a resistência aos antibióticos poderia desencadear o ‘fim da medicina moderna’. “Se não agirmos agora, enfrentaremos um terrível apocalipse pós-antibiótico”, disse na época ao Press Association.