Entidades de saúde se posicionam sobre investigação de Ozempic e Saxenda
SBEM, SBD e Abeso disseram que os dados de segurança não mostraram nenhuma associação causal entre pensamentos suicidas e esses medicamentos
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) emitiram um comunicado nesta quarta-feira 12, se manifestando sobre a investigação da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), relacionada às substâncias semaglutida e liraglutida, presentes nos medicamentos Ozempic e Saxenda, respectivamente, ambos da Novo Nordisk.
“Importante, ainda, destacar que os ensaios clínicos, as metanálises e a vigilância pós- comercialização não demonstraram evidências de que a semaglutida ou a liraglutida causem efeitos colaterais psiquiátricos negativos”, escreveram as entidades. “Com base na notícia, no entanto, não há qualquer razão para interrupção da medicação, sendo que dúvidas específicas sempre devem ser sanadas com o médico prescritor”.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) anunciou estar investigando o Ozempic, medicamento para diabetes e o Saxenda, para perda de peso após três casos de pacientes na Islândia terem sinalizado pensamentos de suicídio e automutilação, segundo informações da agência reguladora de medicamentos do país.
Desde então, um comitê de segurança da EMA analisa os eventos adversos da semaglutida e liraglutida, princípios ativos do Ozempic e Saxenda, respectivamente, se concentrando nos medicamentos com semaglutida, caso também do Wegovy, tratamento para obesidade, também da Novo Nordisk. “Os medicamentos não mostraram nenhuma associação causal entre os pensamentos suicidas ou de automutilação e os medicamentos”, disse a farmacêutica dinamarquesa. “A segurança do paciente era a principal prioridade e tratava todos os relatórios sobre eventos adversos com muita seriedade”, completou.
De acordo com o Painel Público do Sistema de Relato de Eventos Adversos da Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FAERS), houve pelo menos 60 relatos de pensamentos suicidas desde 2018 de pacientes de semaglutida ou de seus profissionais de saúde, e pelo menos 70 de usuários de liraglutida ou de seus profissionais de saúde desde 2010. Segundo a Food and Drug Administration (FDA), no entanto, essas informações da FAERS não foram verificadas e “a existência de um relatório não é prova de causalidade”.
As entidades brasileiras de saúde concordam com a afirmação da FDA, dizendo que os dados de segurança disponíveis até o momento não mostraram nenhuma associação causal entre pensamentos suicidas ou de automutilação e esses remédios. “Devemos compreender que qualquer medicamento, incluindo a semaglutida e a liraglutida, possui indicações, contraindicações e possíveis efeitos colaterais. O uso adequado deve ser sempre orientado por profissionais de saúde. Desse modo, reforçamos o alerta de que é fundamental que os pacientes utilizem esses medicamentos somente sob prescrição médica e sigam as orientações adequadas”, pontuaram a SBEM, a SBD e a Abeso.