Entenda o câncer e a metástase cerebral que matou Glória Maria
Diagnosticada com câncer de pulmão, a jornalista morreu na manhã desta quinta-feira, no Rio de Janeiro. Especialista comenta
Em 2019, Glória Maria, que morreu na manhã desta quinta-feira 2, no hospital CopaStar, da Rede D’Or, no Rio de Janeiro, foi diagnosticada com câncer de pulmão. Na época, ela se submeteu a uma imunoterapia com sucesso, até que em novembro do mesmo ano sofreu uma metástase no cérebro, que originou uma lesão expansiva cerebral, mostrada em uma ressonância magnética e totalmente retirada por meio de cirurgia. Mas os novos tratamentos não avançaram e a metástase retornou. “Em meados do ano passado, Glória Maria começou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias, e Glória morreu esta manhã”, informou a TV Globo em comunicado.
A principal característica do câncer do pulmão é o desenvolvimento de metástases – quando o câncer se espalha e evolui no organismo –, já que os pulmões são órgãos ricamente vascularizados tanto pela circulação sanguínea como pela linfática, o que favorece essa “viagem” das células cancerígenas para outras partes do corpo. E o cérebro é um órgão extremamente comum para a metástase de câncer de pulmão. “Chamamos o órgão de ‘santuário’ porque muitos medicamentos não chegam até o cérebro. Essas metástases têm que ser tratadas com radioterapia”, diz Clarissa Mathias, oncologista do grupo Oncoclínicas e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
De forma simplificada, quando o câncer localizado em uma parte do corpo causa metástases em outro órgão, as células que formam o novo tumor mantêm as suas características de origem, como se fossem “clones”. Geralmente, a metástase é diagnosticada durante os exames de acompanhamento do paciente após o fim do tratamento de um câncer primário. Os exames que a detectam na maioria das vezes são os radiológicos, como raio-X, tomografia, ressonância magnética e PET-Scan. Alterações nos resultados de exames de sangue também podem levantar a suspeita de metástase, indicando a presença de proteínas que são liberadas quando há câncer e quando há metástase.
Vale lembrar que, assim como os cânceres primários, a metástase pode ser assintomática em muitos casos. Quando os sintomas se manifestam, dependem do tamanho e da localização dos tumores metastáticos. Mas quando existem sintomas, são semelhantes aos sinais dos tumores primários: dores no corpo; dor de cabeça persistente; problemas de visão, tontura; convulsões; falta de ar; febre; perda de peso sem motivo aparente.
Por isso, é importante seguir o protocolo de tratamento convencional indicado para o tipo de tumor primário, podendo nessa situação ser recomendadas quimioterapia, radioterapia ou imunoterapia, que “destrava” o sistema imunológico para que lute contra o tumor. No caso da Glória Maria, ela tratou o tumor com imunoterapia e o protocolo foi seguir com essa alternativa terapêutica assim que a metástase no cérebro foi detectada. Em casos de câncer de pulmão metastático, estima-se que 40% são metástases cerebrais. Foi o caso da Glória Maria.
Segundo a médica, a metástase acontece porque as células cancerígenas que saem do pulmão caem na corrente sanguínea e podem se alojar no cérebro, encontrando meios para crescimento e formando as lesões expansivas cerebrais, tratadas normalmente com radioterapia ou removidas cirurgicamente como aconteceu com a jornalista em 2019. “Mesmo com a remoção, porém, a metástase cerebral normalmente é seguida pelo aparecimento de outras lesões. Na grande maioria dos casos, o câncer retorna”, alerta a médica.
Sinais de alerta e rastreamento
Quando o paciente é diagnosticado com câncer de pulmão, é importante fazer o rastreamento do cérebro por meio de tomografia computadorizada. “Uma vez em tratamento, alterações como dor de cabeça, aparecimento de convulsões, enjoos persistentes, tudo isso deve levantar um alerta em relação a aparição da metástase”, diz a especialista. “Hoje em dia houve uma mudança muito grande no tratamento de câncer do pulmão. Temos a imunoterapia e as terapias-alvo, que são extremamente assertivas para aqueles pacientes que têm determinadas mutações”, acrescenta.
Mas ela insiste na importância do rastreamento, em especial entre os fumantes, o que pode evitar e reduzir a morte em cerca de 21%. “A melhor forma de prevenir o câncer de pulmão é obviamente não fumar. Sabemos que o cigarro é o principal fator de risco, representando 90% dos casos de câncer de pulmão. E chamar a atenção para o cigarro eletrônico, em especial entre os jovens, outro fator grande de risco”, alerta Clarissa.
O diagnóstico é dificultado ainda pela falta de sintomas na fase inicial. “Quando o paciente começa a ter alterações de tosse, tossir com sangue, perda de peso, já é um tumor mais avançado.” Exatamente por isso, há uma luta das sociedades médicas e pneumologistas para que anualmente esses fumantes façam tomografia para avaliação da possível presença de tumores e uma maior conscientização por esse rastreamento, já que o exame de tomografia computadorizada não é usual como a mamografia, por exemplo. “O ideal seria uma rotina anual para pacientes fumantes, que obrigatoriamente devem ter acompanhamento de um pneumologista”, finaliza a médica do Grupo Oncoclínicas.
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