Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99

Endometriose: mitos e verdades

Especialista no diagnóstico desvenda os mistérios por trás da doença responsável por 50% dos casos de infertilidade feminina

Por Marina Felix Atualizado em 8 ago 2017, 16h04 - Publicado em 8 ago 2017, 13h28

Se você é mulher, é provável que já tenha ouvido falar em endometriose. Mas, você sabe o que é? A doença, que acomete de 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva, ocorre quando as células do endométrio – tecido interno do útero responsável pela menstruação – se espalham pelas regiões do aparelho reprodutor, intestino ou bexiga causando dor profunda e, em muitos casos, infertilidade.

Menstruação retrógrada

Ao longo do ciclo menstrual, o endométrio se transforma naturalmente, mudando de espessura a cada fase. Na menstruação, esse tecido se desprende da parede uterina dando origem ao sangramento.

Acredita-se que a endometriose aconteça devido à “menstruação retrógrada“, quando parte do tecido menstrual percorre caminhos opostos à vagina, em direção aos órgãos da região pélvica através das trompas. Dessa forma, as células endometriais aos poucos aderem-se a esses tecidos, formando coágulos ou cicatrizes fibrosas.

Infertilidade

A infertilidade, uma das consequências do problema, ocorre devido à obstrução das trompas e consequente interrupção do processo reprodutivo. “Os mecanismos pelos quais a endometriose pode afetar a fertilidade são a distorção da anatomia dos órgãos da pelve causada pela doença ou mecanismos inflamatórios no útero [endométrio], na atividade das trompas uterinas, nos óvulos e até mesmo no embrião quando já formado”, diz Luciana Cristina Pasquini Raiza, radiologista no Hospital Albert Einstein e no RDO Diagnósticos, em São Paulo.

Embora cerca de 50% das mulheres que têm dificuldade para engravidar tenham a condição como principal causa, não é possível prever se ou quando a doença causará infertilidade. Não existem dados que indiquem a probabilidade de uma mulher que possui endometriose se tornar infértil. A única forma de reduzir esse risco, segundo Luciana, é com o diagnóstico precoce e acompanhamento médico.

O desconhecimento sobre os sinais da doença contribui para a disseminação de vários mitos sobre a condição. Veja abaixo os principais e se são verdade, ou não. Adiantamos que cólicas muito fortes, que atrapalham a rotina, por exemplo, durante o período menstrual, são um sinal de alerta.

Continua após a publicidade

A endometriose não apresenta sintomas.

Mito. “Além da dificuldade para engravidar, a endometriose provoca cólica menstrual, dor pélvica crônica – não relacionada ao ciclo menstrual há pelo menos 6 meses –, dor durante a relação sexual no fundo da vagina, alterações intestinais e urinárias cíclicas, ou seja, que ocorrem durante o período menstrual”, explicou Luciana.

Na maioria das vezes, uma cólica não está associada a uma alteração física – no mundo, 90% das adolescentes e jovens sofrem com a dismenorreia. No entanto, na endometriose, a intensidade é muito maior. “A cólica deve ser investigada quando é de forte intensidade ou incapacitante, ou seja, traz prejuízo à rotina diária da mulher – necessidade de faltar ao trabalho ou escola, por exemplo –, quando apresenta piora progressiva ao longo do tempo ou ainda quando estiver associada aos demais sintomas.”

Muitas mulheres sentem o intestino mais solto durante a menstruação, o que não é necessariamente um problema. “Durante o ciclo menstrual, o hábito intestinal da mulher normal também pode variar de acordo com os níveis hormonais”, disse a médica. No caso da endometriose, é o contrário – a mulher pode sentir dificuldade e dor ao evacuar, assim como sintomas semelhantes ao da infecção urinária.

Não é possível reverter a doença.

Mito. A endometriose não tem cura, mas pode ser superada com tratamento clínico, controlando os sintomas com medicamentos, ou cirúrgico, removendo as lesões profundas. “A indicação é individualizada para cada mulher, pois depende do tipo e dos locais acometidos pela doença, dos sintomas, da idade e do desejo reprodutivo da mulher, além do risco de potenciais complicações.”

Continua após a publicidade

O uso prolongado de anticoncepcionais pode “mascarar” a doença.

Verdade. Quando contínuo, o uso de pílula anticoncepcional pode encobrir a existência da endometriose. Afinal, anticoncepcionais muitas vezes são indicados como tratamento e controle dos sintomas. No entanto, de acordo com Luciana, seu uso segue as mesmas indicações e contra-indicações a fim de evitar possíveis complicações, como a trombose, por exemplo.

A endometriose é uma doença genética.

Pode ser que sim. Sabe-se que existe uma tendência familiar no desenvolvimento da endometriose. Se a mãe ou a irmã de uma mulher possui a doença, ela tem um risco sete vezes maior de desenvolvê-la do que outras sem esse histórico. “No entanto, ainda não está bem esclarecido se esse aumento de risco se deve a fatores genéticos ou adquiridos.”

Exames de imagem são eficazes no diagnóstico.

Verdade. Existem três tipos da doença: superficial, profunda e o endometrioma, quando atinge o ovário. Todos são identificáveis em exames de imagem, que ajudam a estabelecer o melhor tipo de tratamento. “Os principais exames são a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética, para identificar lesões de endometriose profunda”, diz Luciana.

A endometriose pode trazer complicações, como o câncer.

Verdade, mas é raro. “Apesar da sintomatologia trazer bastante impacto na qualidade de vida mulher, a endometriose é uma doença benigna”, afirma a médica. Alguns estudos mostram um leve aumento do risco de alguns tipos de câncer associados à endometriose, principalmente em sua forma ovariana. No entanto, esse é um cenário pouco provável.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.