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Ministério da Agricultura detecta gripe aviária no país; entenda o risco

Doença não é transmitida pelo consumo de carnes e ovos, mas contato com aves doentes e mortas deve ser evitado

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 Maio 2025, 11h02 - Publicado em 16 Maio 2025, 10h03

O Ministério da Agricultura e Pecuária comunicou nesta sexta-feira, 16, a detecção do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em aves comerciais do município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. As medidas de contenção e erradicação já foram iniciadas com a instauração de emergência zoosanitária na região da granja afetada

A IAAP circula na Ásia, na África e na Europa desde 2006, mas começou a gerar preocupação nos últimos anos devido ao rápido espalhamento na América do Norte, onde também foi detectada em bovinos. Essa é a primeira vez que o vírus foi identificado em culturas comerciais de aves no Brasil.

Apesar dos cuidados adotados pela pasta, a notícia já começou a gerar repercussão internacional, com a China anunciando a suspensão da compra de frango brasileiro.

Qual o perigo?

O Mapa alerta que não há risco de infecção pelo consumo de carnes e ovos, já que esses alimentos passam por inspeção, e afirma que as medidas de contenção visam debelar a doença. “É possível conter o espalhamento da influenza aviária de alta patogenicidade, desde que sejam implementadas medidas rápidas, coordenadas e integradas entre os setores de saúde animal, saúde humana e meio ambiente”, afirma Alexandre Naime Barbosa, Chefe do Departamento de Infectologia da Unesp e Coordenador Científico da Sociedade Brasileira de Infectologia.

AS medidas de controle, segundo ele, devem inclui o monitoramento ativo de granjas, criadouros, aves migratórias e mercados de aves vivas, com testagem laboratorial das aves doentes ou mortas, além da investigação e vigilância de possíveis casos humanos suspeitos, especialmente entre trabalhadores de granjas ou pessoas expostas a aves.

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Hoje, a transmissão do vírus de aves para humanos é rara e acontece especialmente entre pessoas em contato intenso com os animais. Apesar disso, é preciso cuidado. Quando a transmissão acontece, os casos costumam ser graves, com uma taxa de letalidade que pode chegar a 60%. Para que isso não ocorra, alguns cuidados precisam ser adotados por autoridades e cidadãos, entre eles:

  • Promover vigilância epidemiológica intensa de animais comerciais e silvestres;
  • Controlar o acesso a granjas;
  • Proibir mercados de aves vivas em áreas de grande risco;
  • Notificar casos novos com rapidez;
  • Fazer o abate de criações infectadas;
  • Evitar contato com aves doentes ou mortas;
  • Adotar práticas rigorosas de biossegurança, como higienização, desinfecção e uso de equipamentos de proteção individual.

Há risco de uma pandemia de gripe aviária?

Por enquanto, o risco de um surto como o da Covid-19 é baixo, porque a circulação segue restrita entre animais, mas é necessário cuidados rigorosos. “Embora até o momento não haja evidência concreta de transmissão sustentada de humano para humano, o risco teórico de uma nova pandemia causada por uma variante adaptada do vírus da influenza aviária é real, reconhecido por autoridades sanitárias globais, como a Organização Mundial da Saúde, que mantém vigilância intensa sobre esses eventos”, afirma Barbosa.

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Isso acontece porque os casos de infecções por IAAP aumentaram drasticamente nos últimos anos. Esse crescimento de circulação favorece o surgimento de mutações, especialmente em um vírus com alta propensão de gerar novas variantes. Esse alerta cresce ainda mais com os registros de infecção entre mamíferos, que funcionam como uma ponte mais próxima dos humanos que as aves.

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Por ora, no entanto, não há motivos para alarde. Na maior parte dos países afetados, em especial na Ásia, a vigilância sanitária está sendo rigorosa, o que deve ajudar na contenção das infecções. Se isso for feito, com atenção especial aos cuidados individuais e coletivos nos países mais pobres, é possível que a doença seja debelada sem prejuízos maiores.

“A boa notícia é que se eventualmente tivermos uma pandemia pela gripe aviária, é mais fácil adaptar uma vacina para esse tipo de vírus”, diz Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). “Além disse já temos um antiviral disponível, o oseltamivir, diferentemente do que aconteceu durante o surto da Covid, quando era tudo muito novo.”

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O que é a influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP)?

IAAP é um termo que engloba diversas variantes da gripe de alta patogenicidade, termo que designa a capacidade do vírus de gerar doença. Hoje, o H5N1 é a principal desse grupo. Ele foi descoberto em 1996, na China, e é apenas um dos vírus influenza causadores da gripe aviária. Em 2021, um subtipo altamente patogênico dessa variante começou a se espalhar.  

Desde lá a preocupação só aumentou já que, além das perdas econômicas associadas a surtos em aves de criação, o vírus começou a aparecer esporadicamente em mamíferos. Um artigo de 2024, por exemplo, revela que essa infecção foi responsável por um aumento de mortalidade de leões marinhos na costa brasileira. Além deles, o patógeno também já foi identificado em animais como cães, gatos, raposas, tigres, guaxinins e leopardos. A primeira detecção em humanos ocorreu em abril de 2021. 

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