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Embalagem inteligente da Embrapa indica se o alimento está bom para consumo

Aplicação nanotecnológica está sendo validada para uso em peixes, mas poderá ser adotadas para outros produtos no futuro

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 Maio 2025, 12h00

Cientistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveram uma nova ferramenta para ajudar o consumidor a identificar produtos bons para o consumo: uma embalagem inteligente que muda de cor quando o alimento estraga. 

A tecnologia é baseada em uma manta produzida utilizando técnicas de nanotecnologia e antocianinas, substâncias coloridas presentes em vegetais. Por enquanto, ela está sendo validada para o uso em peixes, mas investigações iniciais já indicam que pode ser útil para outros alimentos. 

“Existem algumas iniciativas no mercado voltadas para embalagens inteligentes, mas a maioria ainda está em fase de protótipo ou usa materiais sintéticos e não biodegradáveis”, diz Josemar Gonçalves de Oliveira Filho, autor do trabalho, em entrevista a VEJA. “Nosso diferencial está no uso de polímeros naturais biodegradáveis e pigmentos naturais, tornando o produto final mais seguro e sustentável.”

Como funciona a mente inteligente?

A pequena manta é produzida utilizando fios nanométricos de policaprolactona, um polímero biodegradável que não faz mal para o organismo e serve como base para a fixação de um pigmento extraído do repolho roxo. Essa substância, formada pelas antocianinas, muda de cor de acordo com o pH do ambiente.

“O pH é uma medida que indica o grau de acidez ou alcalinidade de uma substância“, explica Oliveira Filho, que retornou ao Brasil há poucos meses, após um período de pesquisa no Departamento de Engenharia Mecânica e Industrial da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. “Quando os alimentos se deterioram, especialmente os de origem animal, microrganismos degradam compostos presentes nos tecidos e liberam resíduos que aumentam esse indicador.”

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Até agora a manta foi testada em uma filé de peixe. O funcionamento pode ser observado a seguir. Inicialmente, quando alimento está fresco, o pigmento apresenta a coloração roxa, mas com o passar do tempo, com a mudança de pH devido à degradação, a substância fica azulada, indicando que o consumo não é indicado. 

Agora, a mesma tecnologia também está sendo testada para outros produtos. Como a maioria dos alimentos apresenta variação de acidez quando estragam, a aplicação pode ser bastante ampla. “Recentemente, demos início a estudos com queijo Minas frescal, que apresenta um perfil de deterioração distinto”, diz Oliveira Filho. “Os primeiros resultados indicam que o sistema pode ser adaptado para diferentes tipos de alimentos, com alguns ajustes.”

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Qual a importância da nanotecnologia?

O emprego da nanotecnologia foi indispensável para possibilitar o desenvolvimento desse produto. “Ela foi essencial para que pudéssemos criar um material sensível, eficiente e ao mesmo tempo seguro”, diz o pesquisador, que publicou os resultados da sua pesquisa na revista Food Chemistry. “Já iniciamos conversas com potenciais parceiros da indústria para viabilizar testes e buscar caminhos para a produção em larga escala.”

Geralmente, a produção de nanofibras é dispendiosa por ser produzida utilizando muita energia elétrica, mas outra tecnologia brasileira tem barateado o processo. Chamada de fiação por sopro em solução, ela foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba, em 2009, e permite a criação das mantas utilizando ar comprimido, um processo mais barato, rápido e escalável. 

O potencial, contudo, não termina nas embalagens. O laboratório da Embrapa Instrumentação, liderado pelo pesquisador Luiz Henrique Capparelli Mattoso, também busca utilizar biopolímeros e compostos naturais para avaliar, por exemplo, crescimento microbiano e alterações químicas em cosméticos. Além disso, uma outra linha de investigação desenvolve revestimentos comestíveis, com base nesses mesmos produtos, para prolongar a vida útil dos alimentos – tudo isso sem comprometer o meio ambiente. 

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