Ebola: República Democrática do Congo declara novo surto
Neste ano, já foram confirmadas dezessete mortes pela doença no país. Em 2017, haviam sido registrados quatro óbitos por ebola
A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou nesta terça-feira que a República Democrática do Congo “enfrenta um novo surto de ebola“. A declaração foi feita pelo governo do país após dois casos da doença febril hemorrágica terem sido confirmados em Bikoro, na província de Equateur (noroeste).
Nas últimas cinco semanas, já foram notificados 21 casos de febre com sinais hemorrágicos e dezessete mortes no local. Uma taxa de letalidade de 80%. Este é o nono surto de ebola desde a descoberta desse vírus na República Democrática do Congo, em 1976.
No comunicado, o Ministério da Saúde local não especificou a data de início da epidemia, mas considerou a situação “uma emergência de saúde pública internacional”. “O plano de resposta adotado pelo Ministério da Saúde foi aprovado pelo governo”, indicou um relatório do Conselho de Ministros encaminhado à AFP.
Uma equipe do Ministério da Saúde, apoiada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelos Médicos sem Fronteiras, visitou a cidade de Bikoro, epicentro da epidemia. “Nossa maior prioridade é ir a Bikoro para trabalhar com o governo da República Democrática do Congo e parceiros para reduzir a perda de vidas e sofrimento associados a este novo surto de ebola”, indicou o Peter Salama, diretor-geral adjunto da OMS em um comunicado.
Suscetivas epidemias
No ano passado já havia sido registrado um surto da doença, que ocasionou quatro mortes. A OMS liberou 1 milhão de dólares de seu Fundo de Contingência para Emergências para apoiar as atividades de resposta nos próximos três meses com o objetivo de impedir a disseminação do ebola nas províncias e países vizinhos.
Entre o fim de 2013 e 2016, uma terrível epidemia atingiu a África Ocidental , causando mais de 11.300 mortes em cerca de 29.000 casos, mais de 99% na Guiné, na Libéria e em Serra Leoa.
Ebola
O ebola é um vírus da família dos Filoviridae, de estrutura extremamente simples, mas altamente agressivo ao organismo humano. Formado de material genético envolto por uma cápsula de proteína. Como todos os vírus, o ebola é incapaz de se reproduzir sozinho. Ele escraviza o organismo hospedeiro de modo a replicar seu próprio genoma e produzir novos vírus
O provável hospedeiro natural do ebola é o morcego que se alimenta de frutas, comum praticamente em toda a África. A transmissão da doença ocorre pelo contato com fluidos de pessoas infectadas, especialmente sangue, vômito e fezes. A saliva e a lágrima podem conter o ebola, mas ainda não se conhece seu potencial de infecção.
Em 90% dos casos, os primeiros sinais da doença – febre, mal-estar, diarreia, náusea e vômito – aparecem em dez dias após a contaminação. Nos estágios mais avançados, o paciente sangra pelos olhos, ouvidos, nariz, boca e reto. A morte do doente ocorre por falência de múltiplos órgãos ou choque decorrente de infecção severa. Não há cura, é preciso aguardar o vírus sair do organismo. O tratamento inclui reidratação e controle dos sintomas e do metabolismo do doente.
(Com AFP)