DST pouco conhecida preocupa especialistas
A 'Mycoplasma genitalium' (MG), bactéria causadora de doença sexualmente transmissível, já tem mostrado resistência aos antibióticos mais comuns
De acordo com especialistas europeus, uma doença sexualmente transmissível (DST) pouco conhecida pode ser causada por uma superbactéria resistente a tratamentos. Conhecida como Mycoplasma genitalium (MG), a bactéria já tem mostrado resistência aos antibióticos mais comuns.
A Mycoplasma genitalium é uma bactéria transmitida por meio de relações sexuais com parceiro contaminado. Na maioria dos casos, a infecção não apresenta sintomas. Quando eles aparecem, nas mulheres há dor, sangramento e febre, resultado de uma inflamação nos órgãos reprodutivos (útero e trompas de Falópio) que pode causar infertilidade. Já nos homens, a bactéria provoca inflamação da uretra, levando à emissão de secreção pelo pênis e dor ao urinar.
O problema é que esses sintomas são facilmente confundidos com os de outra DST: a clamídia. Como essa é mais conhecida e mais comum — principalmente no Brasil —, frequentemente, os tratamentos prescritos são indicados para combater a clamídia, e não a Mycoplasma genitalium. A consequência disso é que essas bactérias estão se tornando cada vez mais resistentes aos tratamentos comuns e podem se tornar um grave problema de saúde pública.
Aumento da resistência
A Associação Britânica de Saúde Sexual e HIV (BASHH, na sigla em inglês) estima que a resistência da MG aos macrolídeos — classe de antibiótico usada no tratamento — seja de 40%, aproximadamente. Como as taxas de erradicação da bactéria depois do tratamento estão diminuindo, os serviços de saúde locais estão usando a azitromicina, que não seria a primeira indicação, mas ainda funciona na maioria dos casos.
Por isso, na semana passada, a organização emitiu diretrizes de combate à bactéria. Entre as medidas recomendadas está a realização de exames em pacientes que apresentem sintomas como uretrite (inflamação na uretra) e dor pélvica (sinal de doença pélvica inflamatória, condição que pode levar à infertilidade).
Apesar de o aumento no número de casos de MG ter sido registrado principalmente no continente europeu, a Austrália já relatou diversos casos da infecção. No Brasil, o Ministério da Saúde informou que monitora a bactéria. Entretanto, não se pode afirmar o número exato da doença por aqui, já que sua notificação não é compulsória no país.
Segundo informações da BBC, o ministério esclareceu que estudos regionais demonstram que a Mycoplasma genitalium é muito menos frequente que outros agentes como a N. gonorrhoeae (responsável pela gonorreia) e a Chlamydia trachomatis (responsável pela clamídia), doenças que, quando não tratadas, podem causar dor durante a relação sexual e infertilidade, entre outras problemas de saúde.
Proteção
O uso do preservativo, masculino e/ou feminino, é a melhor forma de se proteger não só contra a Mycoplasma genitalium, mas também de outras DSTs. “Já é hora de o público aprender sobre a Mycoplasma genitalium. É mais um bom motivo para pôr camisinhas nas malas das férias – e realmente usá-las”, disse Peter Greenhouse, especialista em DSTs, à BBC.