Diretor da OMS implora para que Israel desista de ordem para evacuar Gaza
Tedros Ghebreyesus informou que civis não têm local seguro para ir; entidade afirma que 'evacuação em massa seria desastrosa'
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) , Tedros Adhanom Ghebreyesus, usou as redes sociais para implorar que Israel volte atrás e desista da ordem para que uma população de 1,1 milhão de pessoas ao norte da Faixa de Gaza tenha de se deslocar para o sul do território em 24 horas, prazo estabelecido nesta sexta-feira, 13, por militares israelenses que se preparam para uma invasão terrestre.
“A OMS implora pela reversão imediata da ordem de evacuação de Gaza para proteger a saúde e reduzir o sofrimento das pessoas. Por causa dos contínuos ataques aéreos e às fronteiras fechadas, os civis não têm um local seguro para ir. Nós apelamos pela criação urgente de um corredor humanitário para a entrega segura de ajuda”, publicou Ghebreyesus no X (antigo Twitter),
.@WHO pleads for the immediate reversal of the Gaza evacuation order, to protect people’s health and reduce suffering.
Due to ongoing airstrikes and closed borders, civilians have no safe place to go.
We appeal for the urgent establishment of a humanitarian corridor for safe… https://t.co/cIpdsVC1hT
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) October 13, 2023
Ele compartilhou uma longa nota da OMS onde a entidade afirma que “uma evacuação em massa seria desastrosa” para os pacientes, profissionais de saúde e civis que podem ser capturados durante a fuga ou, simplesmente, deixados para trás.
A entidade está em contato com o Ministério da Saúde palestino, que afirmou que é impossível fazer a retirada de pacientes gravemente feridos ou que dependem de equipamentos para suporte à vida com a garantia de que suas vidas não serão colocadas em risco.
Dois hospitais na região norte de Gaza estão em estado de “grave superlotação” e cuidam de pacientes com lesões e ferimentos, mas há milhares de pessoas com feridas e problemas de saúde sem acesso aos cuidados hospitalares. Estes também seriam afetados pela movimentação em caráter de urgência.
“O prazo apertado, a logística de transporte complexa, as estradas danificadas e, acima de tudo, a falta de cuidados de apoio durante o transporte, contribuem para a dificuldade de deslocá-los.”
Outro problema é a falta de capacidade e de materiais para receber novos pacientes nos quatro hospitais do ministério localizados ao sul do território.
A OMS afirmou que produtos médicos em escassez foram adquiridos de forma emergencial por meio de seu Centro Global de Logística Médica em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e a carga está pronta para ser entregue em Areesh, no Egito, a uma distância de 20 minutos da passagem de Rafah, que liga o país ao território. A entidade aguarda autorização para desembarque e disse que os suprimentos serão suficientes para o atendimento de 300 mil pacientes feridos ou que estejam doentes.
Apelo da OMS
Na última terça-feira, 10, a entidade já tinha publicado um apelo para que a entrega de suprimentos de saúde fosse facilitada e os itens chegassem às vítimas da guerra em curso após o ataque surpresa do grupo terrorista Hamas a Israel, conflito iniciado no último sábado, 7.
Segundo a OMS, Ghebreyesus teve uma reunião na última segunda-feira, 9, com Abdel Fattah El-Sisi, presidente do Egito, para que a entrega de suprimentos de saúde e demais itens humanitários fossem entregues à população de Gaza por meio de Rafah, um dos alvos do conflito. A solicitação foi concedida durante o encontro.