Dia das Mães: Assine por apenas 5,99/mês

Dengue: ‘2025 vai ser difícil e dependerá de medidas tradicionais’, diz diretor do Butantan

Esper Kallás explica que, mesmo com aprovação de candidato a imunizante em análise pela Anvisa, serão necessárias ações da população para combater doença

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 jan 2025, 18h49 - Publicado em 23 jan 2025, 18h47

O diretor do Instituto Butantan, o infectologista Esper Kallás, apresentou a secretários municipais de Saúde de São Paulo nesta quinta-feira, 23, as informações sobre a vacina contra a dengue desenvolvida pela instituição que está em avaliação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e explicou que, mesmo se for aprovada neste ano, o combate à doença causada pelo mosquito Aedes aegypti ainda vai depender de medidas tradicionais, porque as doses não serão suficientes para toda a população.

No mês passado, o instituto entrou com o pedido de registro de sua candidata a vacina contra a dengue para a agência. Se ocorrer a aprovação, o instituto já poderá fazer a entrega de 1 milhão de doses da Butantan-DV em 2025 e outras 100 milhões estarão disponíveis para o Ministério da Saúde nos anos de 2026 e 2027.

Segundo a Anvisa, o instituto fez a entrega de três pacotes de dados referentes ao imunizante e eles estão sendo analisados. Essa avaliação deve durar 90 dias a partir da data de entrega do último lote, em dezembro passado. Assim, é esperado que algum parecer seja dado em março.

“Por causa desses números e estendendo para a vacina QDenga, que está disponível, o número não será capaz de conter o número de casos pela exiguidade das doses disponíveis em 2025. A gente tem a expectativa de resolver esse problema a partir de 2026”, afirmou Kallás. Atualmente, apenas a Qdenga está sendo utilizada e apenas para a população de 10 a 14 anos. “Por isso, 2025 vai ser difícil e dependerá de medidas tradicionais de enfrentamento que mitigam os efeitos principalmente no desenvolvimento de doença grave.”

Ou seja, eliminar possíveis criadouros, como garrafas e pneus, cobrir a caixa d’água ou piscinas inativas e remover o entulho deve continuar fazendo parte da rotina da população até porque 75% dos pontos favoráveis para a proliferação do mosquito estão em residências.

Continua após a publicidade

Pelas estimativas do Butantan, serão entregues 60 milhões de doses em 2026 e 40 milhões em 2027. “Isso faz parte de uma projeção que o instituto fez para atender uma demanda que vai ser maior no começo e vai diminuir a medida que a população vai se imunizando.”

O infectologista destacou os resultados da vacina em testes e o fato de ela poder ser aplicada independentemente de a pessoa já ter sido infectada pelo vírus. Isso porque a Dengvaxia, ofertada pela rede privada, é contraindicada para pessoas que nunca tiveram dengue.

Surto de dengue no Brasil

Desde o fim de 2023, os casos de dengue começaram a aumentar e, no ano passado, o Brasil registrou o maior número de episódios da doença da série histórica iniciada no ano 2000. Foram 6,6 milhões de casos prováveis e 6.103 mortes. Neste ano, o Ministério da Saúde registrou 101.485 casos e 15 óbitos. Há 116 óbitos em investigação.

Continua após a publicidade

Há uma preocupação com a continuidade do surto por causa do retorno da circulação do sorotipo 3 da doença após 17 anos. que pode desencadear infecções entre pessoas que nunca foram infectadas por ele. Entre outros motivos, como as mudanças climáticas, a presença do sorotipo 2 foi apontada como responsável pela explosão de casos em 2024, tendo em vista que a população vulnerável era expressiva.

Vacina contra dengue do Butantan

O imunizante contra a dengue sob análise para aprovação do Instituto Butantan é fruto de uma parceria com os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que compartilhou as quatro cepas virais do imunizante e conduziu a fase 1 dos testes com humanos entre 2010 e 2012. A fase 2 ocorreu no Brasil entre 2013 e 2015. O Butantan coordenou os testes de fase 3 com 16.235 participantes que serão avaliados pelo instituto até que todos completem cinco anos de acompanhamento desde a entrada no ensaio.

O imunizante é feito com os quatro sorotipos do vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) em sua forma atenuada. Dessa forma, estimula a produção de anticorpos pelo indivíduo sem causar a doença. Os testes foram realizados com uma população de 2 a 59 anos formada por pessoas que já foram infectadas e também que ainda não tiveram contato com o vírus. É para este grupo que a vacina será indicada.

Continua após a publicidade

Em testes de fase 3, a Butantan-DV demonstrou 79,6% de eficácia geral para prevenir episódios de dengue sintomática, resultado que foi publicado no periódico científico The New England Journal of Medicine. Outro ensaio, também de fase 3 e publicado na revista The Lancet Infectious Diseases, apontou que a vacina tem capacidade de proteção de 89% contra episódios graves e com sinais de alarme da doença, além de eficácia e segurança contra o vírus por um período de cinco anos.

Importância da vacina do Butantan

Uma versão em dose única da vacina contra a dengue e produzida no Brasil seria importante para conquistar altas coberturas vacinais, tendo em vista que a adesão pode diminuir quando mais doses são necessárias para garantir a proteção. Além disso, estar protegido contra um sorotipo não impede a pessoa de ser infectada com outro e uma nova infecção tende a ser mais grave.

No momento, o imunizante Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, integra as ações de vacinação contra a doença do Ministério da Saúde, mas as doses disponíveis têm como foco apenas a população de 10 a 14 anos.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.