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Deficiência de vitamina D aumenta risco de desenvolver fraqueza muscular

Estudo de brasileiros e britânicos mostrou que substância reduz em 78% a probabilidade de desenvolver o problema

Por Maria Fernanda Ziegler, da Agência Fapesp
12 dez 2022, 12h45

A vitamina D tem papel importante para regular a absorção de cálcio e fósforo pelo organismo, bem como para manter o cérebro e o sistema imune funcionando. E agora pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da University College London (Reino Unido) mostraram que a substância também reduz em 78% o risco de fraqueza muscular – condição que no jargão médico é chamada de dinapenia.

Essa fraqueza pode ser explicada parcialmente pela atrofia muscular e é considerada um importante fator de risco para a incapacidade física no envelhecimento. Pessoas com dinapenia têm maior incidência de quedas, hospitalização, institucionalização precoce e óbito prematuro.

No estudo, publicado no periódico Calcified Tissue International and Musculoskeletal Research, os pesquisadores analisaram 3.205 britânicos com mais de 50 anos acompanhados por quatro anos no âmbito do projeto English Longitudinal Study of Aging (Elsa). O trabalho foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

“É sabido que a vitamina D participa de várias funções no organismo. Ela na verdade é um hormônio e entre suas diversas atuações está a reparação muscular e também a liberação de cálcio para contrair o músculo [cinética da contração muscular]. Portanto, já era esperado que a vitamina D provocasse alguma alteração muscular e foi exatamente isso que o nosso estudo comprovou”, afirma Tiago da Silva Alexandre, professor do Departamento de Gerontologia da UFSCar e orientador da pesquisa.

O cientista explica que os tecidos ósseo e muscular são interconectados não só mecânica e fisicamente, como também bioquimicamente. “Por esse motivo, distúrbios endócrinos, como são os casos de deficiência e insuficiência de vitamina D, favorecem a perda de densidade mineral óssea, bem como a diminuição de massa, força e função muscular”, diz.

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No estudo, os pesquisadores selecionaram indivíduos com mais de 50 anos que não apresentavam fraqueza muscular, ou seja, tinham força neuromuscular maior ou igual a 26 quilos (kg) para homens e maior ou igual a 16 kg para mulheres. Essa medida é feita com um aparelho que afere a força de preensão manual, que tem uma boa correlação com a força global do organismo.

Ao acompanhar os participantes por quatro anos, os pesquisadores verificaram que aqueles que tinham deficiência de vitamina D no início do estudo (nível no sangue menor que 30 nanomol por litro) apresentaram 70% mais risco de desenvolver fraqueza muscular ao final do estudo do que aqueles que tinham níveis normais de vitamina D (nível sanguíneo maior que 50 nmol/L).

“Isso já é um achado importante, pois mostra que a deficiência de vitamina D aumenta em 70% o risco de fraqueza muscular. Porém, como sabemos que no mundo todo há muitos casos de pessoas com osteoporose e que tomam suplemento de vitamina, precisávamos verificar qual seria o peso da suplementação”, diz Maicon Luís Bicigo Delinocente, bolsista da FAPESP e coautor do estudo.

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Para tanto, os pesquisadores retiraram da análise os indivíduos que tinham osteoporose e faziam suplementação de vitamina D.

“Quando esses indivíduos foram retirados das análises, verificou-se que aqueles que tinham deficiência de vitamina D no início do estudo apresentaram 78% mais risco de desenvolver fraqueza muscular. Já os com insuficiência [nível no sangue entre 30 e 50 nmol/L] apresentaram 77% mais risco de desenvolver fraqueza ao final dos quatro anos de acompanhamento quando comparados àqueles que tinham níveis normais de vitamina D”, diz Delinocente.

Alexandre ressalta que, com o resultado, foi possível comprovar que não apenas a deficiência, mas também a insuficiência de vitamina D fazem com que o indivíduo tenha mais risco de desenvolver fraqueza muscular.

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“Outro reflexo dos achados do estudo é a importância da reposição de vitamina D, quando necessário. O estudo foi feito com britânicos e sabemos que a incidência solar no Brasil é muito maior do que na Grã-Bretanha, mas o fato é que também temos uma alta incidência de deficiência e insuficiência de vitamina D no Brasil e no mundo, principalmente entre os indivíduos mais velhos”, diz.

Alexandre reitera que, para que ocorra a síntese de vitamina D no organismo, é necessário tomar sol com áreas do corpo expostas. “Mas é preciso explicar para as pessoas que a insuficiência e deficiência de vitamina D aumentam o risco de desenvolver perda de força muscular. Portanto, é necessário dizer que essas pessoas precisam se expor mais ao sol, seguir uma dieta com alimentos ricos em vitamina D, ou fazer suplementação e praticar exercício resistido para manter a força”, finaliza.

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