Relâmpago: Revista em casa por 8,98/semana

Cura do HIV segue distante, mas descoberta científica renova esperança

Por enquanto, estudo foi testado apenas em laboratório; anos separam descoberta de possível tratamento para humanos

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 jun 2025, 08h45 - Publicado em 5 jun 2025, 18h00

Mesmo após quatro décadas intensas de estudos, a cura para o vírus da imunodeficiência humana (HIV) segue sendo um dos grandes desafios para a ciência, mas, a cada ano, as pesquisas avançam um pouco, renovando a esperança dos médicos e pacientes. 

Hoje, os medicamentos disponíveis já são capazes de permitir que os pacientes vivam uma vida normal e saudável, mas as estratégias do vírus impedem que ele seja completamente removido do organismo das pessoas infectadas – coisa que pode mudar no futuro, graças a um avanço divulgado na última semana. 

De acordo com o artigo publicado na revista científica Nature Communications, pesquisadores conseguiram desenvolver uma estratégia para despertar o vírus que fica em estado latente, escondido nas células, renovando a esperança de que, em breve, tratamentos consigam aplacar a infecção por completo. 

O sucesso da estratégia surpreendeu até os cientistas. “Ficamos impressionados com a diferença tão grande que foi de não estar funcionando antes e, de repente, passar a funcionar”, disse Paula Cevaal, pesquisadora do Instituto Doherty e autora do artigo, ao britânico The Guardian. “Todos nós ficamos sentados, pasmos, tipo ‘uau’”

Por que o HIV é incurável?

O HIV infecta células do sistema imunológico, motivo pelo qual ele deixa o indivíduo tão propenso a infecções oportunistas. Quando isso acontece, uma das primeiras coisas que o patógeno faz é integrar uma cópia do material genético viral ao DNA humano. Parte dos linfócitos infectados servem como máquinas para reproduzir o microrganismo, sendo destruídos aos poucos, mas uma outra parte fica circulando pelo sangue por anos, sem produzir novas partículas, servindo apenas como reservatório.

Continua após a publicidade

+ LEIA TAMBÉM: Experimento ousado abre caminho para a cura de condições genéticas raras; entenda

Os medicamentos impedem os vírus de infectarem novas células, o que dá tempo para o sistema de defesa do corpo controlar a doença. O problema é que o sistema imune não consegue perceber que as células reservatório estão infectadas – o que impede a cura, já que essas reservas podem voltar a produzir novas partículas virais a qualquer momento. 

O que os pesquisadores conseguiram fazer foi acordar o patógeno presente nos reservatórios, como se fosse um dedo duro para o sistema imune. Para isso, eles desenvolveram um sistema parecido com o das vacinas para a Covid, com um RNA mensageiro (mRNA) que entra nas células imunes e despertam o vírus caso elas estejam infectadas. 

Há, no entanto, alguns problemas. Isso só foi feito em células isoladas no laboratório, portanto, é impossível saber se o mesmo método vai funcionar no corpo humano. Além disso, ainda não está claro se essa estratégia é capaz de acordar todos os reservatórios, nem se despertar os vírus é suficiente para que ele seja completamente eliminado. 

Continua após a publicidade

“No final, uma grande incógnita ainda permanece: é necessário eliminar todo o reservatório para ter sucesso, ou apenas a maior parte? […] Só o tempo dirá”, afirmou o retrovirologista Jonathan Stoye ao jornal britânico. “De qualquer maneira, isso não diminui a importância do estudo atual, que representa um avanço potencialmente significativo na administração de mRNA para fins terapêuticos em células sanguíneas.”

Por que a esperança de cura?

A estratégia do RNA com certeza animou os cientistas, mesmo que, por enquanto, essa seja apenas uma tentativa. Contudo, uma conquista ainda maior foi alcançada com a pesquisa. 

Desenvolver tratamentos para células imunes é uma grande dificuldade porque até agora, pesquisadores ainda não haviam desenvolvido um sistema capaz de entregar um mRNA dentro dessas células. Mas isso acaba de mudar. 

Continua após a publicidade

+ LEIA TAMBÉM: Cinco coisas que você acha que sabe sobre HIV – mas precisa repensar

Utilizando nanotecnologia, o grupo de Cevaal conseguiu bolar uma espécie de bolha de gordura que consegue esse feito, inserindo um RNA mensageiro dentro dos linfócitos (células brancas do sangue). 

A esperança é de que, mesmo que essa estratégia não funcione para curar a infecção, outras técnicas possam utilizar essa mesma cápsula nanotecnológica para testar outros tratamentos tanto para o HIV quanto para outras doenças que atingem essas células, como câncer. A ver. 

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.