Covid: vacina da Johnson & Johnson é segura e eficaz, comprova estudo
Resultados das fases 1 e 2 publicados nesta quarta-feira, 14, mostraram que uma única dose induz imunidade por, no mínimo, dois meses

Mais uma notícia animadora na corrida pela produção de imunizantes: a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Janssen, braço farmacêutico da americana Johnson & Johnson, conseguiu induzir uma forte resposta de anticorpos neutralizantes em todos os participantes com 18 anos ou mais que participaram do estudo fase 1-2 do imunizante. De acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira, 13, no periódico científico New England Journal of Medicine, a vacina também foi bem tolerada, com poucos e passageiros eventos adversos.
As respostas imunes se mostraram semelhantes em todos os grupos etários estudados, incluindo idosos com 65 anos ou mais. Esse resultado é particularmente importante, já que os idosos estão entre os grupos de risco para formas graves da doença e são considerados prioritários nos planos de vacinação contra a doença. Esses dados já haviam sido divulgados em setembro, mas só agora foram publicados em uma revista científica e revisados por outros especialistas, não envolvidos no estudo.
De acordo com o estudo, mais de 90% dos participantes apresentaram anticorpos neutralizantes no 29º dia pós-vacinação. No 57º após-vacinação, essa taxa subiu para 100%. A quantidade desses anticorpos também aumentou nos participantes nesse período (entre o dia 29 e 57) e permaneceu estável até o dia 71. Ainda no mesmo período, verificou-se que a vacina induziu imunidade por pelo menos 2,3 meses nos voluntários (um indicativo forte de que ela pode garantir proteção duradoura à população quando for liberada) .
A vacina ainda induziu fortes respostas de células T: 76% a 83% nos participantes de 18 a 55 anos e 60% a 67% naqueles a partir de 65 anos de idade. Esse é outro componente fundamental na defesa do organismo.
“Uma única dose de Ad26.COV2.S gerou uma forte resposta humoral na maioria dos receptores da vacina, com a presença de anticorpos de ligação S e anticorpos neutralizantes em mais de 90% dos participantes, independentemente da faixa etária ou da dose da vacina”, os pesquisadores escreveram. Os pesquisadores avaliam dois regimes de administração: dose única ou duas doses.
Os estudos fase 3 em andamento avaliam a eficácia de apenas uma dose, mas a empresa está estudando se uma segunda dose aumenta a eficácia ou durabilidade da resposta imunológica. “Uma vacina eficaz de Covid-19 de dose única tem vantagens logísticas óbvias sobre uma vacina de duas doses, especialmente durante uma pandemia.”, ressaltam os pesquisadores.
Segurança
A vacina também se mostrou bastante segura. A maioria dos eventos adversos relatados foram leves a moderados e comumente ocorreram no dia da vacinação. Os principais foram dor no local de aplicação, fadiga, dor de cabeça e dor muscular. Alguns participantes também apresentaram febre. Os sintomas desapareceram no mesmo dia ou no dia seguinte, na maior parte dos casos.
De acordo com a Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson à frente do desenvolvimento da vacina, cinco eventos adversos graves foram reportados. Destes, apenas um, caracterizado por febre alta estava associado à vacina. O participante com febre chegou a ser hospitalizado devido à suspeita de Covid-19, mas se recuperou dentro de 12 horas.
O estudo de fase 1/2 reuniu 805 voluntários adultos saudáveis de 18 a 55 anos, e maiores de 65 anos, nos Estados Unidos, Holanda e Bélgica. O objetivo desta etapa é avaliar a segurança, reatogenicidade e imunogenicidade da vacina desenvolvida pela Janssen em duas concentrações, administradas em esquemas de dose única ou duas doses, com oito semanas de intervalo entre elas. O teste é randomizado e duplo-cego, o que significa que os pacientes são selecionados de forma aleatória para receber a vacina ou um placebo e nem pesquisadores nem voluntários sabem quem está recebendo o que.
A Ad26.COV2.S, nome da vacina desenvolvida pela farmacêutica americana, é considerada uma das mais promissoras contra a doença. Os motivos para o otimismo incluem o fato de ser a única, até o momento, administrada em dose única; a facilidade de armazenamento, que não demanda temperaturas negativas, e a capacidade de produção em larga escala. A Janssen se comprometeu a produzir 1 bilhão de doses durante a pandemia e a comercializa-lo a preço de custo durante a pandemia. O valor é estimado em menos de 10 dólares a dose.
Atualmente, o imunizante está em fase 3 de testes clínicos, incluindo 7.560 participantes no Brasil. A expectativa é que os resultados sejam divulgados ainda este mês. O governo federal já reservou 3 milhões de doses para o primeiro semestre a serem entregues provavelmente em maio. O baixo número de doses destinado ao país se deve ao fato de outros países terem sido mais rápidos e formalizado antes a reserva das vacinas.
Nesta quarta-feira, 13, o Brasil teve médias moveis em 54.672,3 casos confirmados e 998,6 mortes.