Covid: vacina bivalente patina e tem adesão de apenas 15% dos brasileiros
Diretor do Departamento de Imunização do Ministério da Saúde destaca segurança de imunizante e importância de aumentar cobertura vacinal
Disponível para a população desde fevereiro, a versão bivalente da vacina contra a Covid-19 enfrenta baixa adesão dos brasileiros e, até o momento, apenas 15,4% dos adultos receberam a dose que protege contra a cepa original do novo coronavírus e a variante de preocupação ômicron, dominante no mundo. No recorte por estado, é possível atestar que a vacinação patina. São Paulo, que promove campanhas fora dos postos, como em estações de metrô, lidera com 20,9% da população vacinada. Na outra ponta, com índice de 5,4%, está Roraima.
Aumentar a cobertura vacinal no país tem sido um desafio por mais que diferentes frentes tenham se formado a partir do lançamento da campanha nacional de imunização, no início do ano, que inclui a combinação de estratégias para suprir necessidades regionais e a tentativa de dissolver as fake news disseminadas durante a pandemia. Em conversa com VEJA, o diretor do Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis do Ministério da Saúde, Eder Gatti, explicou a importância da participação da população não só na imunização contra a Covid-19, mas na luta para evitar surtos de doenças que podem ser bloqueadas pela vacinação, como sarampo e poliomielite.
“Temos vacina disponível em todo o país, cumprindo a função de ofertar a vacina para toda a população, que conseguimos alcançar com a capilaridade do do SUS (Sistema Único de Saúde). A cobertura vacinal das duas primeiras doses é alta, mas, quando a condição de risco da doença começou a diminuir, teve diminuição da procura e vivemos um elemento novo de ter a vacina como alvo de grupos antivacina e de desinformação”, analisa. “Isso aconteceu com um caráter coordenado e intencional que persiste, porque a desinformação vem sendo requentada e a vacina bivalente foi muito vítima disso.”
A diminuição da procura pelas doses nos postos era um fenômeno esperado com o controle da disseminação do vírus e redução das mortes e hospitalizações. No entanto, esse movimento traz riscos de infecções e evolução para quadros graves em populações mais vulneráveis.
“É importante lembrar que a vacinação em massa foi determinante para que os piores momentos da pandemia de Covid-19 ficassem para trás, quando o Brasil chegou a registrar mais de 4 mil mortes por dia por causa da doença”, relembra Adriana Ribeiro, diretora médica da Pfizer Brasil. A versão bivalente do imunizante da farmacêutica é ofertada na rede pública.
Gatti destaca que todas as vacinas utilizadas no Brasil passaram pelo rigoroso controle da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que os imunizantes continuam em avaliação no que diz respeito à segurança e efetividade. “Estamos com uma postura pró-ciência e nos articulando com outras entidades da sociedade civil organizada.”
Nessa ação, estão sendo incluídas medidas para recuperar as coberturas vacinais, que já foram símbolos de sucesso no país, e entraram em vertiginosa queda a partir de 2016. “Precisamos fortalecer a vacinação de rotina nos municípios e estamos com uma estratégia nova, o microplanejamento, que nada mais é do que oferecer ferramentas para vacinação respeitando sua realidade local”, diz o diretor. Na iniciativa, equipes do Ministério da Saúde viajam para realizar oficinas e fazer a multivacinação, completando a carteira de vacinação das pessoas.
A meta é evitar que, por não ter se vacinado, a população corra o risco de adoecer. Também para garantir que todos estejam engajados para se proteger diante de futuros surtos, epidemias e pandemias.