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CoronaVac é segura e induz forte resposta imune em crianças

Estudo inédito mostrou que mais de 96% das crianças e adolescentes, com idade entre 3 e 17 anos, desenvolveram anticorpos contra o SARS-CoV-2

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 jun 2021, 19h41 - Publicado em 28 jun 2021, 19h34

A CoronaVac, vacina contra Covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, é segura e desencadeia uma forte resposta de anticorpos em crianças e adolescentes de 3 a 17 anos de idade. A conclusão é de um estudo clínico de fase 1/2, publicado nesta segunda-feira, 28, na revista científica The Lancet Infectious Diseases. Essa é a primeira vez que dados sobre segurança e resposta imunológica de uma vacina contra o novo coronavírus em crianças tão jovens são publicados.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores avaliaram os efeitos de um regime de duas doses da vacina em 550 participantes dessa faixa etária, no condado de Zanhuang, China. Entre 31 de outubro e 2 de dezembro de 2020, 72 crianças foram inscritas na fase 1. Outras 480 participaram da fase 2, realizada entre 12 e 30 de dezembro de 2020. Os voluntários receberam duas doses da vacina (aplicada em concentrações de 1,5 µg ou 3 µg por dose) ou do placebo, com 28 dias de intervalo entre elas.

Os resultados mostraram que 96% das crianças e adolescentes que receberam duas doses da vacina desenvolveram anticorpos contra o SARS-CoV-2, nome oficial do novo coronavírus. Na fase 1, 100% dos participantes em ambos os grupos de 1,5 µg e 3 µg apresentaram resposta imunológica. Por outro lado, o grupo que recebeu a maior concentração (3 µg) teve uma resposta mais forte, com mais anticorpos neutralizantes.

Na fase 2, 97% dos participantes no grupo de 1,5 µg produziram anticorpos contra o SARS-CoV-2, em comparação com 100% no grupo de 3 µg. Novamente, aqueles com a maior dosagem apresentam resposta imune mais forte. De acordo com os autores, as respostas imunológicas entre crianças e adolescentes foram maiores do que em adultos com idade entre 18 e 59 anos e idosos a partir de 60 anos. Resultados semelhantes, com respostas mais fortes em pessoas mais jovens, foram observados em estudos com outros imunizantes.

Segurança

A vacina também foi considerada segura nessa faixa etária. Entre as 550 crianças e adolescentes, 26% daqueles que receberam a concentração mais baixa (1,5 µg por dose), 29% daqueles que receberam a maior concentração (3 µg por dose) e 24% dos voluntários no grupo controle apresentaram reações adversas. A maioria delas foi considerada leve e moderada, sendo dor no local da injeção o sintoma mais comum. Apenas uma reação adversa grave – um caso de pneumonia – foi relatada no grupo de controle; no entanto, isso não estava relacionado à vacina.

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“Crianças e adolescentes com COVID-19 geralmente têm infecções leves ou assintomáticas em comparação com adultos; no entanto, um pequeno número ainda pode estar em risco de doença grave. Eles também podem transmitir o vírus a outras pessoas, tornando-se vital testar a segurança e a eficácia das vacinas COVID-19 em grupos de idades mais jovens.”, disse Qiang Gao, da Sinovac Life Sciences, em comunicado.

Com base em seus resultados, os autores recomendam a realização de mais estudos, com duas doses de 3µg da vacina para crianças e adolescentes de 3 a 17 anos. Como em toda pesquisa, há limitações. As desse incluem a ausência de avaliação das respostas das células T, que desempenham um papel importante na imunização; o pequeno número de participantes, o fato de todos serem da mesma etnia e a ausência de dados de segurança e resposta imunológico de longo prazo.

Recentemente, a China aprovou o uso emergencial da CoronaVac em crianças com mais de 3 anos de idade. No entanto, os resultados atuais não comprovam a eficácia da vacina em crianças e adolescentes dessa faixa etária. Para isso, ainda é necessária a realização de testes clínicos fase 3.

A importância de vacinar crianças

Em um comentário vinculado ao estudo, o professor Bin Cao, do Hospital da Amizade China-Japão, na China, destaca a necessidade de incluir crianças nas campanhas de imunização: “A imunidade de rebanho contra COVID-19 é o pré-requisito para acabar com esta pandemia, seja por meio de vacinações ou infecção natural. A maioria das estimativas colocam o limite em 65-70% da população ganhando imunidade, principalmente por vacinação. No entanto, variantes de vírus de ampla circulação e hesitação persistente na vacina tornam esse limite difícil de alcançar. (…) Assim, o cálculo tem que ser revisto para cima e as crianças devem ser contempladas na campanha de imunização ”.

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A eficácia e segurança de outras vacinas contra a Covid-19, como a da Pfizer-BioNTech, também estão sendo avaliadas em crianças, com resultados esperados para os próximos meses. No Brasil, a CoronaVac, que é produzida pelo Instituto Butantan, teve seu uso emergencial aprovado em adultos com idade a partir de 18 anos. Atualmente, o imunizante, que foi o primeiro a ser aplicado no país, ainda é o mais utilizado, correspondendo a 47% de todas as doses administradas.

Confira o avanço da vacinação no Brasil:

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