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Como as mudanças climáticas afetam a saúde dos trabalhadores?

Ambulantes, agricultores, carteiros, pintores, entregadores e operários da construção civil estão entre profissionais mais impactados

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 1 Maio 2025, 13h00

As ondas de calor ligadas às mudanças climáticas estão associadas a problemas de saúde, como doenças cardiovasculares e respiratórias, e abrem espaço para a proliferação de vetores de doenças, como o mosquito da dengue. E, neste cenário, pessoas que trabalham em ambientes externos acabam sofrendo mais com esses impactos. Neste 1º de maio, quando é celebrado o Dia do Trabalhador, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) faz um alerta sobre a necessidade de atuar na preservação ambiental por sua íntima relação com a saúde.

“Ambulantes, agricultores, carteiros, coletores, pintores, atuantes na manutenção da rede elétrica, entregadores, operários da construção civil, entre muitas outras ocupações sentem na pele, literalmente, e no corpo, o impacto das transformações que as mudanças climáticas provocam no nosso dia a dia”, diz, em nota, a sociedade médica.

A entidade relembra que, segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ao menos 2,41 bilhões de trabalhadores são expostos anualmente ao calor excessivo ao desempenhar suas profissões. E o aquecimento global é responsável pelo agravamento de 70% dos profissionais ao redor do globo.

Os trabalhadores podem sofrer com estresse térmico, exaustão pelo calor, cãibras térmicas e brotoejas. Nos períodos de altas temperaturas, as queimadas, por ação humana ou espontâneas, se intensificam e os riscos à saúde aumentam.

“Além de problemas diretamente relacionados aos riscos em relação ao fogo, como queimaduras, intoxicação por inalação de fumaça, problemas respiratórios, irritação nos olhos, sobrecarga cardíaca e renal pelo calor extremo, existem as consequências indiretas as populações nos arredores como o desabastecimento de água, quando as queimadas ocorrem próximo a nascentes, e a degradação da fauna e flora que podem fazer deslocamento de vetores de doenças para áreas urbanizadas, como o próprio Aedes aegypti“, explica a médica de família e comunidade Brenda Costa, diretora de comunicação da SBMFC.

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Racismo ambiental

Assim como em outras condições relacionadas com a ação humana, as populações mais vulneráveis, como pessoas com baixo poder aquisitivo, negros e moradores das periferias, são mais afetadas. Isso é visível quando se trata dos trabalhadores mais impactados.

“O racismo ambiental é um problema estrutural que afeta desproporcionalmente as populações negras e marginalizadas, que são as mais expostas aos riscos ambientais e climáticos”, diz Brenda. “Quando falamos especificamente das mulheres negras, que muitas vezes são as principais responsáveis pelo cuidado com a família, o racismo ambiental se torna ainda mais cruel. Essas mulheres, que já enfrentam diversas barreiras sociais e econômicas, são expostas a condições de trabalho precárias, moradias insalubres e falta de acesso a serviços básicos, o que compromete sua saúde e sua capacidade de cuidar de seus familiares”, completa.

Como os trabalhadores podem se proteger?

Os profissionais expostos às altas temperaturas e áreas com proliferação de mosquitos devem adotar o uso do filtro solar, repelente e vestes que cubram o corpo — assim como toda a população –. Mas essa não é uma atitude apenas individual. Empregadores e governos precisam zelar pela saúde dos trabalhadores, com a oferta de equipamentos de proteção individual (EPIs), estabelecimento de pausas para hidratação e descanso em áreas sombreadas, segundo a médica.

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“Consciência climática é um letramento a ser desenvolvido e executado por empresas e governos. Em relação aos governos, os compromissos para a sustentabilidade ambiental abrangem desde políticas públicas e programas de proteção ambiental até a promoção de práticas sustentáveis em setores de contratualização privadas, e aqui é preciso resgatar os compromissos globais que o Brasil está envolvido.”

O papel dos médicos

De acordo com Brenda, os médicos terão de incorporar saúde e ambiente, o conceito de saúde única (One Health), em sua rotina. “Não somos indivíduos separados do meio em que vivemos, e se estamos inseridos em contextos socioambientais, estamos sujeitos a adoecer e a ficar saudáveis, de acordo com o meio em que vivemos. As alterações climáticas irão afetar a saúde e as doenças em populações inteiras e é preciso compreender nos diagnósticos e tratamentos para mitigar esses impactos.”

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