Os preservativos são muito importantes na hora de evitar uma gravidez indesejada e, principalmente, são a melhor forma de prevenção contra transmissão de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como aids, sífilis, HPV e gonorreia. No entanto, muitas pessoas preferem não usá-la durante o sexo. Um dos motivos apontados por quem abre mão da camisinha é o desconforto, especialmente lubrificação insuficiente, que pode tornar o sexo doloroso e até mesmo rasgar o preservativo. Para resolver esse problema, uma equipe de cientistas desenvolveu um preservativo autolubrificante.
O novo produto contém um revestimento fino e durável que permite melhor deslizamento ao entrar em contato com líquidos ou umidade, como água ou fluidos corporais. De acordo com os pesquisadores, essa ‘cobertura’ lubrificante se mantém durante toda a relação sexual, diminuindo a necessidade do uso de gel lubrificante e aumentando a probabilidade de uso do preservativo.
Lubrificação comprovada
Para testar a eficácia da nova opção, pesquisadores da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, realizaram testes em laboratório e recrutaram 33 pessoas, que avaliaram o preservativo autolubrificante, em comparação com opções tradicionais. No primeiro estudo, apoiado pela Fundação Bill e Melinda Gates, os pesquisadores concluíram que o preservativo autolubrificante manteve sua umidade mesmo após ser esfregado 1.000 vezes contra uma superfície semelhante à da pele. De acordo com os pesquisadores, isso corresponde a uma relação sexual de 16 minutos.
Já o preservativo comum, com uma camada de gel lubrificante por cima, começou a perder a umidade depois de apenas 600 compressões. Estudos mostram que uma relação sexual envolve, em média, de 100 a 500 impulsos. No entanto, algumas podem durar bem mais.
Os resultados mostraram ainda que o preservativo autolubrificante causou 53% menos atrito do que quando um preservativo padrão é usado sem qualquer lubrificante extra. Quando usado com gel lubrificante, a redução no atrito é de 55%. No entanto, muitas pessoas acham esse processo confuso e dizem que interrompe o sexo.
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Na segunda etapa, os pesquisadores pediram que 33 adultos comparassem o preservativo autolubrificante com o comum. Cerca de 70% disseram que a nova opção é “muito” mais escorregadia do que o padrão e quase 55% dos participantes disseram que isso faria com que considerassem aumentar o uso de preservativos. Os resultados foram publicados no jornal científico Royal Society Open Science.
“Muitas vezes, os preservativos são vistos como uma barreira ao prazer sexual, em vez de algo que pode ser usado para melhorar o sexo. Então, se este produto puder ajudar a mudar essa percepção e aumentar o uso do preservativo, será um ponto positivo”, disse Bekki Burbidge, vice-presidente-executivo da FPA, entidade voltada para a educação sexual no Reino Unido.
Tecnologia
Para criar um preservativo autolubrificante, os pesquisadores revestiram um preservativo de látex com uma camada fina de uma substância que se torna escorregadia quando entra em contato com a água. Fortes ligações químicas formam-se entre a substância e o preservativo, o que prolonga o tempo de lubrificação. O mesmo tipo de revestimento já é utilizado em cateteres urinários.
“É um pouco pegajoso quando se manuseia seco, mas na presença de água ou fluidos naturais ele fica escorregadio. Você só precisa de um pouco de fluido para ativá-lo.”, Mark Grinstaff, líder da pesquisa.
O importante é se proteger
Pesquisadores da Universidade de Wollongong, na Austrália, também estão desenvolvendo preservativos autolubrificantes que utilizam hidrogéis resistentes, mais similares à pele humana, de acordo com informações da BBC. A previsão é que essas novas opções cheguem ao mercado em alguns anos.
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Mas, enquanto isso não acontece, a recomendação é que as pessoas não deixem de usar o preservativo. Se usado corretamente, ele atua como uma barreira eficaz para proteger as DSTs – que estão aumentando a taxas astronômicas no mundo -, além de evitar uma gravidez indesejada.
Para tornar a experiência mais agradável, especialistas recomendam que as pessoas experimentem diferentes lubrificantes à base de água, além de testarem preservativos de tamanhos, formas e texturas diferentes para descobrir qual atende melhor às necessidades sexuais de cada um.