Caso Zé Celso: Saiba como lidar com queimaduras
Primeiros socorros e condução do tratamento são essenciais para garantir a saúde da vítima
Nesta terça-feira 4, o dramaturgo José Celso Martinez, de 86 anos, deu entrada na emergência do Hospital das Clínicas, em São Paulo, com queimaduras em 60% do corpo após um incêndio em seu apartamento. Ele foi encaminhado para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), onde foi entubado e permanece em estado grave.
No Brasil, cerca de um milhão de brasileiros são vítimas de acidentes com queimaduras por ano – resultando em 19.772 mortes entre 2015 e 2020, segundo dados do Ministério da Saúde. Destes casos, 77% acontecem em casa e 40% com crianças de até 10 anos. Além de poderem causar óbitos, as queimaduras são dolorosas e muitas vezes mudam a vida de quem sofre com elas, trazendo sequelas funcionais, psicológicas e sociais, além de estéticas.
“Por se dar essencialmente a partir da superfície externa da pele para dentro, os acidentes elétricos causam predominantemente sequelas estéticas, que impactam a aparência das vítimas de queimaduras, envolvendo cicatrizes e marcas definitivas pelo corpo”, diz Elaine Godoy, enfermeira estomaterapeuta e Coordenadora Clínica Latam da Mölnlycke. “Por consequência, tais alterações geram impactos psicológicos e sociais – como no caso de crianças que são alvo de bullying –, englobando um conjunto de sequelas não-funcionais.”
Além disso, pessoas que sofreram queimaduras precisam de cuidados especiais durante grande parte da vida, a depender da gravidade dos ferimentos, que podem ser de três graus, conforme a profundidade da lesão provocada. A de 1° grau atinge a superfície da pele; a de 2° se estende para a partes mais profundas da pele; e a de 3° grau ultrapassa a barreira de pele e pode danificar músculos, tendões, órgãos e até os ossos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Nos casos de queimaduras mais extensas e profundas, os primeiros socorros e a condução do tratamento são essenciais para garantir a saúde do acidentado. De acordo com o cirurgião plástico Juliano Baron, após esses tipos de incidentes, os pacientes devem passar por um processo de cicatrização ininterrupto das feridas. Para isso, é essencial o uso de curativos que minimizem o risco de maceração, forneçam uma barreira antimicrobiana e permitam um longo tempo de uso.
“Curar não é apenas sobreviver. Trata-se de voltar à vida cotidiana. Portanto, os sobreviventes de queimaduras precisam do melhor tratamento possível, que reduza o trauma adicional da maneira mais suave”, comenta Baron. “A dor e o estresse contribuem para o atraso na cicatrização de feridas”, completa.
Para conscientizar a população e autoridades sobre os riscos de acidentes e os traumas que as queimaduras podem causar, a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) lancou a campanha “Não se choque. Eletricidade queima”, no mês passado. O Ministério da Saúde também alerta para os acidentes com fogo dentro de casa. De acordo com o Boletim Epidemiológico nº 47 de 2022 da pasta, as mortes mais frequentes ocasionadas por queimaduras são dentro das residências, em homens de 20 a 39 anos.
Caso Zé Celso
Segundo a médica e atriz, Luciana Domschke, amiga próxima de Zé Celso, o artista tem respondido bem ao tratamento, mesmo com queimaduras graves. Em vídeo, ela esclareceu algumas dúvidas de fãs do dramaturgo a respeito de seu estado de saúde: “Nós estamos muito emocionados e sensibilizados com esse interesse e amor que envolve todo esse processo.”
O marido Marcelo Drummond e os atores Victor Rosa e Ricardo Bittencourt, que também estavam no local, foram colocados em observação pela inalação de fumaça. O cachorro de estimação do dramaturgo, Nagô, também recebe cuidados veterinários e está sob os cuidados da irmã do tutor.
O caso está sendo investigado pela polícia, mas acredita-se que a causa do incêndio que vitimou Zé Celso tenha sido um problema no aquecedor elétrico, que ficava no quarto do dramaturgo que teve queimaduras nos braços, pernas e rosto, segundo informações do Corpo de Bombeiros de São Paulo.