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Brasil lança campanha e mira em ações para eliminar hepatites até 2030

Meta do Ministério da Saúde é dobrar número de pessoas tratadas para hepatite B, ampliar cobertura vacinal e estabelecer ações para vulneráveis com tipo C

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 jul 2023, 13h30 - Publicado em 19 jul 2023, 13h29

Presentes no plano de combate a doenças que afetam populações vulneráveis lançado no mês passado, as hepatites virais estão na mira do Ministério da Saúde, que anunciou nesta quarta-feira, 19, uma campanha com um conjunto de ações para tentar eliminar os tipos B e C do vírus no país até 2030. Em coletiva, a pasta informou que pretende dobrar o número de pacientes com o tipo B em tratamento, intensificar a vacinação para os tipos A e B, além de traçar estratégias para atingir as populações mais afetadas pelo tipo C, como privados de liberdade, pessoas em situação de rua e homens que fazem sexo com homens. Há duas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que cria o Julho Amarelo, o mês de luta contra as hepatites virais no Brasil.

As hepatites podem ser causadas por vírus – foco da campanha -, mas também pelo abuso de álcool, de medicamentos e de drogas ou por doenças hereditárias ou autoimunes. O órgão afetado é o fígado e os principais sintomas são: pele e olhos amarelados, urina escura, fezes claras, cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal.

“As hepatites afetam cerca de 400 milhões de pessoas no mundo e vêm mantendo um patamar de matar 1,4 milhão de pessoas por ano por infecção aguda, câncer hepático ou cirrose”, explicou Dráurio Barreira, diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi).

No Brasil, o ministério estima que 520 mil pessoas vivem com hepatite C, mas ainda não têm o diagnóstico, logo, não iniciaram o tratamento, que cura o paciente. Até o ano passado, cerca de 150 mil pessoas já tinham sido diagnosticadas, tratadas e curadas. “A pandemia de Covid-19 reduziu o ritmo de diagnóstico em 39%, entre 2019 e 2022, e houve uma queda de 50% nas pessoas tratadas em 2020 em relação a 2019. Precisamos retomar o número de pessoas tratadas para o índice anterior ao da pandemia”, disse Barreira. “Teremos estratégias para as pessoas mais afetadas: pessoas privadas de liberdade, em hemodiálise, em situação de rua, homens que fazem sexo com homens e a população trans.”

Em relação à hepatite B, a estimativa é de quase 1 milhão de pessoas com a doença, das quais 700 mil ainda não foram diagnosticadas. Até 2022, 264 mil pacientes tinham recebido o diagnóstico e 41 mil estão em tratamento. O ministério afirmou que vai atuar para ampliar este número para 100 mil e atingir a meta traçada pela Organização Mundial da Saúde (OMS): diagnosticar 90% das pessoas com hepatites virais, tratar 80% dos diagnosticados, reduzir em 90% novas infecções e a mortalidade em 65%.

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“No Brasil, a gente tem informações que permitem almejar a eliminação dessa doença. A hepatite A, que tem vacina, tem registrado uma queda significativa, que foi de quase 90% entre 2014 e 2022, de 6.439 novos casos para 756.” Esse tipo da doença é de transmissão fecal-oral por consumo de alimentos ou água infectados, em situações de problemas de saneamento ou entre homens que fazem sexo com outros homens.

Também há vacina disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para o tipo B, cuja infecção, assim como no tipo C, está relacionada principalmente por sexo sem uso de preservativo, compartilhamento de itens pessoais, como barbeadores, e uso compartilhado de seringas, especialmente entre usuários de drogas. Não existe vacina contra a hepatite C, mas há tratamento gratuito pelo SUS e ele leva à cura em 12 semanas com uso de antivirais.

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Vacinação, testagem e informação para a população e profissionais de saúde serão as frentes dessa iniciativa. Para a vacinação, o objetivo é imunizar 95% da população contra os tipos A e B (veja o esquema abaixo). Por enquanto, a cobertura vacinal está em 72,7% e 77,7%, respectivamente.

“A nossa meta é de que o teste seja incluído nas ações de saúde, no pré-natal e na consulta de hipertensão para encontrar essas pessoas que têm a doença e não sabem. Queremos ofertar diagnóstico e tratamento”, afirmou Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVS).

Veja o esquema vacinal contra as hepatites A e B

Hepatite A

  • Uma dose aplicada aos 15 meses de vida
  • Também está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) com duas doses para pessoas acima de 1 ano de idade com condições como: hepatopatias crônicas; pessoas com coagulopatias, hemoglobinopatias, trissomias, doenças de depósito ou fibrose cística; pessoas vivendo com HIV; pessoas submetidas à terapia imunossupressora ou que vivem com doença imunodepressora; candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes, ou transplantados de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea); doadores de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea), cadastrados em programas de transplantes
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Hepatite B

  • Para crianças: a recomendação é que se façam quatro doses da vacina, sendo: uma ao nascer (vacina hepatite B), e aos 2, 4 e 6 meses de idade (vacina Pentavalente)
  • Para a população adulta: o esquema completo se dá com o registro de três doses

Fonte: Ministério da Saúde

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