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Bactérias melhoram a memória e o desempenho cognitivo

Estudo recente revelou associação positiva entre a composição saudável da microbiota intestinal e a melhora da memória recente

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 31 out 2020, 22h19

A presença de determinadas bactérias em nossa microbiota intestinal está associada a um melhor desempenho cognitivo, incluindo um efeito positivo na memória imediata e recente, de acordo com os resultados de um estudo publicado recentemente na revista científica Cell Metabolism.

No estudo, os pesquisadores da Universidade de Valencia, da Fundação Fisabio, da Universidade Pompeu Fabra de Barcelona e do CIBEResp, todos na Espanha, analisaram a microbiota intestinal (bactérias que vivem naturalmente em nosso intestino) de 130 voluntários, obesos e não obesos. Os voluntários também foram vinculados a diversos testes cognitivos e à medição do volume de certas áreas cerebrais envolvidas na memória, medidas por ressonância magnética.

“O estudo revela conexões interessantes entre a composição da microbiota intestinal e o desempenho cognitivo, e contribui para uma melhor compreensão do diálogo metabólico entre o nosso cérebro e as bactérias que vivem conosco”, afirma a nutróloga Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

Os pesquisadores descobriram que pessoas com obesidade mórbida, que tinham déficit de memória recente, também tinham menos triptofano em sua corrente sanguínea. O triptofano é um aminoácido aromático essencial para a ‘síntese’ dos neurotransmissores encontrado na corrente sanguínea em condições normais. “Alterações na microbiota intestinal podem facilitar ou dificultar a absorção de triptofano”, afirma Marcella.

Pessoas com obesidade também tinham certas bactérias que metabolizavam a vitamina B1 (que faz parte das enzimas que produzem energia inclusive para o cérebro), em paralelo com o declínio na memória recente. A produção de algumas vitaminas depende das bactérias da microbiota.

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Desde 2006, vários estudos têm mostrado que a obesidade mórbida está associada ao comprometimento da memória imediata, piorando o desempenho cognitivo. Em referência ao hipocampo, já se sabe que seu tamanho está relacionado à memória do indivíduo. “O estudo descobriu que pessoas obesas tinham um hipocampo menor. Além disso, verificou-se que o tamanho do hipocampo estava associado à presença de certas bactérias da microbiota intestinal”, diz a nutróloga.

O estudo Obesity Impairs Short-Term e Working Memory through Gut Microbial Metabolism of Aromatic Amino Acids foi realizado com 130 voluntários, obesos e não obesos, cuja microbiota intestinal foi analisada, entre outras variáveis. “O triptofano é encontrado na corrente sanguínea em condições normais, um aminoácido aromático essencial para a ‘síntese’ dos neurotransmissores. Este trabalho descobriu que pessoas com obesidade mórbida, que tinham déficit de memória recente, também tinham menos triptofano em sua corrente sanguínea. Alterações na microbiota intestinal podem facilitar ou dificultar a absorção de triptofano”, afirma a médica nutróloga.

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