Autismo: herança genética da mãe aumenta o risco
Segundo novo estudo, mutações nos genes das mitocôndrias, a usina de energia das células, aumentam o risco do transtorno
Já faz um tempo que a ciência especula a hereditariedade do autismo e um novo estudo acaba de chegar mais perto dessa hipótese. Pesquisadores do Hospital Infantil da Filadélfia, nos Estados Unidos, descobriram que mutações no DNA mitocondrial, parte das células responsável produzir energia e cujo código genético é herdado exclusivamente da mãe, podem contribuir para um maior risco de desenvolver o transtorno.
A pesquisa
No estudo, publicado recentemente no periódico científico JAMA Psychiatry, os cientistas analisaram a genética mitocondrial de 963 famílias com 1.624 autistas e 2.417 pais e irmãos saudáveis e as compararam com informações de um “banco” de dados de DNA mitocondrial.
Herança genética
Os resultados mostraram que alterações observadas no DNA mitocondrial de autistas estão associadas a mutações observadas em alguns DNAs de linhagens “antigas” de grupos populacionais específicos presente no banco de dados.
Por exemplo, europeus pertencentes aos grupos “I, J, K, X, T e U” apresentaram riscos significativamente maiores de autismo em comparação ao grupo mais comum, o “HHV”. Asiáticos e americanos “A e M” também tinham risco aumentado do transtorno.
Impacto da mitocôndria
Os pesquisadores acreditam que alterações no DNA mitocondrial podem afetar o risco de autismo devido ao impacto no fornecimento de energia ao cérebro, que é o maior consumidor de energia do corpo. Estudos anteriores, feitos pela mesma equipe, já associaram mutações mitocondriais ao desenvolvimento de problemas neuropsiquiátricos.
Segundo os autores, as recentes descobertas podem ajudar a desenvolver novos métodos de diagnóstico e tratamento para o autismo.
Além disso, elas ajudam a entender por que algumas populações tem relatado um aumento de casos de autismo nos últimos anos e por que, apesar de possuir o fator genético, irmãos de uma pessoa autista podem não ter o mesmo diagnóstico. Afinal, segundo os especialistas, a predisposição genética da mitocôndria interage com a do núcleo da célula, que pode ter heranças diferentes, tanto da mãe quanto do pai – além dos fatores ambientais associados ao risco.