Autismo e paracetamol: o que diz novo estudo sobre uso do remédio na gravidez
Revisão publicada no periódico The BMJ analisou evidências existentes e apontou que elas não são robustas; entenda
Uma grande revisão de estudos publicados sobre a suposta ligação entre uso de paracetamol na gravidez e o risco de episódios de Transtorno do Espectro Autista (TEA) em crianças apontou que as evidências existentes não são robustas, de modo que não é possível estabelecer que um é causa do outro, algo que já tinha sido apontado por especialistas e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em setembro, os Estados Unidos anunciaram a alteração na bula do medicamento por uma “possível associação” entre o fármaco e a condição.
O estudo, publicado nesta segunda-feira, 10, no periódico científico The BMJ, avaliou a qualidade e a validade das evidências existentes até o momento sobre a administração do medicamento, que é indicado para febre e dor na gravidez, e o risco de autismo e transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
Com revisores independentes, o grupo avaliou a qualidade metodológica dos estudos já publicados sobre o tema, que foram mapeados por meio de palavras-chave. Ao todo, foram encontradas 663 citações e os pesquisadores incluíram nove revisões sistemáticas sobre paracetamol na gravidez e risco de TEA — totalizando 40 estudos — publicadas nos últimos dez anos.
“Sete das nove revisões recomendaram cautela na interpretação dos resultados devido ao risco potencial de viés e fatores de confusão nos estudos incluídos. A confiança nos resultados das revisões foi baixa (duas revisões) a criticamente baixa (sete revisões)”, diz trecho do estudo.
De acordo com a publicação, apenas um estudo fez ajustes adequados em relação aos fatores familiares e aos fatores de confusão ao controlar as análises a partir de dados dos irmãos.
“Estudos primários que não ajustam para importantes fatores de confusão, como fatores genéticos e ambientais familiares, saúde materna, indicações para o uso de paracetamol e potenciais fatores de confusão não mensurados, não podem estimar com precisão os efeitos da exposição intrauterina ao paracetamol no neurodesenvolvimento infantil.”
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Paracetamol na gravidez
Os pesquisadores resolveram se aprofundar nas análises sobre o tema pelo fato de o paracetamol ser um dos medicamentos mais utilizados na gravidez ao redor do mundo e ser indicado pelas principais agências regulatórias, como a europeia, a do Reino Unido e a da Austrália.
Eles destacaram que o risco de desfechos negativos para gestantes que têm eventos de febre alta, o que faz com que médicos indiquem o remédio, e que o anúncio feito pelo governo estadunidense gerou preocupação em grávidas e mães de crianças que vivem no espectro.
Diante disso, o estudo indica que as evidências atuais são insuficientes para estabelecer a ligação entre a exposição do feto ao medicamento e episódios de autismo, informando que a revisão demonstra a “falta de evidências robustas” para essa associação, de modo que órgãos reguladores, médicos, grávidas e parentes de pessoas que vivem com TEA e TDAH devem estar cientes da “baixa qualidade” das revisões existentes e da probabilidade de que as associações tenham influência de fatores familiares.
“As evidências existentes não estabelecem uma ligação clara entre o uso materno de paracetamol durante a gravidez e o autismo ou o TDAH nos filhos”, concluem os pesquisadores.
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