Anvisa aciona ministérios e STF sobre fluxo de itens de saúde em bloqueios
Agência enviou mapeamento sobre risco de desabastecimento de suprimentos como medicamentos e vacinas em virtude de atos antidemocráticos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) enviou nesta quarta-feira, 2, ofícios para ministérios, Supremo Tribunal Federal (STF) e entidades de saúde para alertar sobre a importância de garantir o fluxo de suprimentos, como insumos, medicamentos e vacinas, nas rodovias bloqueadas por caminhoneiros que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL) e fazem atos antidemocráticos contra sua derrota nas eleições.
A Agência informou que está acompanhando junto ao setor os possíveis desabastecimentos e encaminhou um mapeamento sobre este risco para os ministérios da Saúde, Justiça e Casa Civil, Ministério Público Federal (MPF), Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (CONASS) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), além do STF.
“É uma medida que vem no escopo da missão da agência de identificar ameaças e proteger a saúde da população”, informou, em nota.
Nesta terça-feira, 1°, entidades da área da saúde emitiram notas alertando sobre as dificuldades logísticas e os impactos para os pacientes, que não estavam conseguindo se deslocar para a realização de tratamentos médicos.
A Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) informou que pessoas não conseguiram chegar em clínicas longe de onde moram para realizar a diálise. Segundo a entidade, cerca de 150 mil pacientes realizam o procedimento ao menos três vezes por semana para sobreviver.
“A ABCDT faz um apelo à organização do movimento para que considere a fragilidade do setor e para que o trate de maneira especial, permitindo que os caminhões que transportam insumos e medicamentos passem pelas barreiras e cheguem às clínicas o quanto antes. Nossa questão não é política, tratamos de vidas”, solicitou, em nota, Leonardo Barberes, vice-presidente da associação. Em algumas clínicas, estoques de insumos e medicamentos para realizar o tratamento de doentes renais já começa a ficar em estágio crítico.
A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) informou os bloqueios estão causando prejuízos no atendimento de laboratórios de medicina diagnóstica de todas as regiões do país, que necessitam de insumos, como reagentes e contrastes, para fazer o processamento de exames com amostras coletadas dos pacientes.