África do Sul monitora nova variante com taxa de mutação incomumente alta
De acordo com o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul, a frequência da cepa, conhecida como C.1.2, aumentou nos últimos meses
Cientistas na África do Sul estão monitorando uma nova variante do coronavírus. Segundo informações divulgadas pelo Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis do país, a C.1.2 apresenta uma taxa de mutação singularmente alta – duas vezes maior que as outras variantes globais – e, embora represente menos de 3% dos genomas sequenciados no país, sua frequência aumentou gradualmente nos últimos meses.
Um número maior de mutações não equivale, necessariamente, a uma maior periculosidade. Muitas vezes, as mutações podem até mesmo enfraquecer o vírus. Mas a C.1.2 chamou a atenção dos pesquisadores por carregar mutações semelhantes às observadas em variantes de preocupação ou VOC, na sigla em inglês, como a alpha (identificada no Reino Unido), beta (África do Sul) e gamma (Brasil), incluindo mudanças que tornaram essas cepas mais transmissíveis e com capacidade de escapar da resposta imunológica.
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No entanto, não se sabe se a nova variante é mais perigosa. Por isso, ela ainda não é considerada uma variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Cepas assim classificadas, como a delta, são aquelas que apresentam aumento da transmissibilidade, virulência ou mudança na doença clínica e diminuição da eficácia das medidas sociais e de saúde pública, como vacinas. Já as variantes de interesse são aquelas que demonstraram causar transmissão na comunidade em vários grupos e que foram detectadas em vários países, mas ainda não necessariamente provaram ser mais virulentas ou transmissíveis.
“No momento, estamos avaliando o impacto desta variante na neutralização de anticorpos após a infecção por SARS-CoV-2 ou vacinação contra SARS-CoV-2 na África do Sul”, escreveram os pesquisadores em um relatório publicado na plataforma medRxiv, que reúne artigos antes de sua revisão por pares e publicação em revistas científicas.
A nova variante foi identificada pela primeira vez em maio e representava apenas 0,2% dos casos. Atualmente, ela está presente em todas as províncias da África do Sul, mas corresponde a menos de 3% dos genomas sequenciados no país. A C.1.2 também foi detectada na China, Ilhas Maurício, Nova Zelândia e Grã-Bretanha.
A variante delta, identificada pela primeira vez na Índia, ainda é responsável pela maioria dos novos casos de coronavírus diagnosticados na África do Sul. O país é o mais afetado pela pandemia no continente, com mais de 2,7 milhões de casos de Covid-19 confirmados e 81.830 mortes. A variante beta gerou uma segunda onda de infecções entre dezembro e janeiro, e o país agora enfrenta uma terceira onda causada pela variante delta.