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Acredite: a melatonina pode fazer emagrecer, revela estudo

O composto, conhecido como o hormônio do sono, poderá fazer parte do arsenal de combate à obesidade

Por Thaís Botelho Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 jul 2017, 14h08 - Publicado em 15 jul 2017, 11h02

Sentir o chamado “sono reparador” só acontece quando a glândula pineal, localizada no cérebro, produz de forma satisfatória a melatonina: o conhecido hormônio do sono. Secretado à noite, quando há inibição de luz, este hormônio é responsável não apenas pela indução do descanso, mas também é conhecido por ser a chave do relógio biológico. E não à toa. Estudado há anos por médicos e pesquisadores do mundo inteiro, hoje já se sabe que a substância também tem influência na regulação do apetite, enxaqueca, melhora da pele, controle da glicemia, entre outras funções.

Mas, acredite, não é só isso. Entre as descobertas mais recentes está um estudo publicado pelo Departamento de Ciências Biomédicas da Universidade de Sassari, na Itália, em parceria com outras universidades: a melatonina inibiu as células precursoras de gordura do corpo humano – um tipo de célula tronco presente em diversos tecidos como cordão umbilical, medula óssea e também no tecido adiposo (de gordura). “Esse hormônio vem sendo cada vez mais estudado em vista dos seus diversos benefícios e, certamente, em breve, fará parte do arsenal disponível para combater a obesidade”, acredita Renato Lobo, médico pela Faculdade de Medicina da USP, com especialização em nutrologia e emagrecimento.

A obesidade também vem sendo estudada como, entre outros fatores, uma disfunção de células de gordura, já que estas entendem com maior frequência que a acumulação é importante. O tamanho e o número dessas células é um processo que ocorreu por conta da diferenciação das chamadas precursoras – que podem, ou não, virar tecido de gordura. E a melatonina impediu que isso acontecesse. Logo, foi avaliado o impacto da melatonina como uma espécie de modulador no destino destas células, ou seja, como o hormônio do sono ajudaria a orquestrar sua função correta.

Entre os genes estudados, também estava o que produz o PPAR-γ: receptor responsável pela regulação da glicose e dos lipídeos no sangue – quando alterados, podem levar pessoas a serem diagnosticados com diabetes e adquirirem placas de gordura nas artérias.

A atuação do hormônio, no que diz respeito a glicose e lipídios, comprova evidências de, pelo menos, seis anos atrás, quando um estudo clínico realizado nos Estados Unidos e publicado na revista Diabetes, Metabolic Syndrome and Obesity: Targets and Therapy  indicou que, em pacientes com diabetes tipo 2 e insônia, a melatonina melhorou o sono após três semanas, e auxiliou o controle glicêmico após cinco meses. Outro teste clínico, descrito no Journal of Pineal Research, também demonstrou que, após dois meses de tratamento com melatonina, pessoas com distúrbios metabólicos apresentaram redução na pressão sanguínea e nos níveis de colesterol.

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Como se não bastasse, o hormônio do sono também tem sido reconhecido por sua potente atividade antioxidante: ou seja, é capaz de se ligar aos reagentes oxidativos das células e os estabilizar. Com esse suposto papel ativo na proteção do DNA e outros compostos biológicos de agentes oxidativos, o hormônio do sono vem sendo estudado como potencial protetor contra danos causados ​​pelos radicais livres. Por isso, também tem sido associado a possível terapia complementar no tratamento de doenças em que o estresse oxidativo desempenha papel importante, como transtorno de déficit de atenção, hiperatividade, doença de Alzheimer, entre outras.

Uma das explicações para tantas funções é que, pelo fato de ser secretado no sangue e líquido cefalorraquidiano, protetor de diversas células do cérebro, tem transporte fácil no organismo – o que possibilita com que o hormônio do sono tenha ação em diferentes tecidos do corpo.

Apesar de tantos benefícios, principalmente ao que se refere a gordura, vale ressaltar que são estudos iniciais e, portanto, novas pesquisas são necessárias para mostrar os resultados (evidências)  na prática clínica.

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Melatonina no Brasil

Com indicação, em geral, de até 5 mg diários de melatonina, diversos estudos avaliaram a segurança do uso da substância, encontrando poucos efeitos colaterais, como fadiga e letargia, apenas em doses elevadas. Facilmente metabolizada no fígado, por ser considerado natural, tem degradação rápida e, por isso, raramente há acúmulo nos tecidos. “Tal característica também o torna um dos hormônios mais seguros”, observa Paulo Rosenbaum, endocrinologista do Hospital Albert Einstein.

A boa notícia é que, em novembro do ano passado, a Active Pharmaceutica (distribuidora de insumos farmacêuticos), ganhou o direito de comercializar a melatonina em farmácias de manipulação em todo o país, mediante receita médica. Na prática, a decisão facilita o acesso ao hormônio natural para fins terapêuticos, uma vez que, até então, o paciente precisava importá-lo –  prática também já autorizada no Brasil.

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História do hormônio

A melatonina foi descoberta primeiramente por pesquisas sobre alteração da coloração da pele de anfíbios e repteis. Em 1958, um dermatologista americano da Universidade de Yale investigou essa substância na esperança de encontrar um uso para o tratamento de doenças de pele. Apesar das investigações, a melatonina só ficou mais conhecida na década de 90 com a descoberta do seu uso para pacientes com dificuldade para dormir, por um professor de Neurofarmacologia da Universidade de Harvard.

Após revisar a literatura cientifica da época sobre a glândula pineal, com o tempo, observou que a noite, na escuridão, produzíamos este hormônio, e que a administração de melatonina provocava o sono.

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