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A relação de plásticos e pesticidas com câncer e infertilidade

As substâncias presentes nesses produtos desregulam o sistema hormonal

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 set 2019, 17h32

Desreguladores endócrinos são compostos químicos que se espalham pelo meio ambiente e, quando ingeridos, afetam o funcionamento hormonal, produzindo efeitos adversos em diversas funções do corpo. Hoje, há cerca de 200 substâncias conhecidas pela União Europeia cujos efeitos nocivos sobre o organismo já foram comprovados por pelo menos um estudo científico.

Mas os diruptores endócrinos mais comuns e conhecidos são o pesticidas e agrotóxicos, como o DDT; componentes de objetos plásticos, como o bisfenol A (BPA) e o ftalato; retardadores de chamas utilizados em móveis e pavimentos; conservantes e moléculas presentes na poluição atmosférica.

A contaminação por essas substâncias constituem um problema global e onipresente. Devido ao papel fundamental desse sistema em várias funções biológicas e fisiológicas, deficiências em qualquer parte podem levar a doenças ou até mesmo à morte.

A exposição pode ocorrer em casa, no escritório, no campo, no ar que respiramos, nos alimento que comemos e na água que bebemos. Os animais no topo da cadeia alimentar, incluindo os seres humanos, têm a maior concentração destas substâncias químicas ambientais nos seus tecidos.

“Não é uma exposição grande, momentânea e aguda, como Chernobyl ou a das bombas atômicas. Mas em pequenas quantidades, durante um longo período de exposição. Por exemplo, a exposição a essas substancias na infância, trará problemas na vida adulta ou até mesmo pode afetar outras gerações. Existem momentos da vida em que os efeitos dessas substâncias são mais críticos, como durante a gravidez ou em fases mais iniciais da vida.”, explica o endocrinologista César Luiz Boguszewski, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).

Riscos à saúde

De acordo com o Guia de Disruptores Endócrinos, não é coincidência que produtos químicos, como os bifenilos policlorados (PCB), BPA e ftalatos, passaram e ser detectáveis no organismo de seres humanos nos últimos anos. Nem que, no mesmo período, houve uma aumento na incidência de doenças endócrinas pediátricas, como problemas reprodutivos masculinos (criptorquidia, hipospádia, câncer testicular), puberdade feminina precoce, leucemia, câncer cerebral e distúrbios neurocomportamentais.

Nas últimas quatro décadas, a produção global do saco plástico aumentou seis vezes, passando de 50 milhões de toneladas em 1970 para quase 300 milhões nos dias de hoje. As vendas da indústria química global aumentaram de 171 bilhões de dólares em 1970 para mais de 4 trilhões de dólares em 2013.

O documento, feito pela Endocrine Society, dos Estados Unidos, juntamente com a Organização Não Governamental IPEN (www.ipen.org), foi traduzido pela Sbem e lançado no Brasil no final de agosto, durante o congresso anual da entidade.

O Guia enumera alguns tipos de substâncias químicas que desregulam o metabolismo e os hormônios e cita alguns dos problemas divulgados em diversos estudos, causados por esses compostos. São eles: câncer, obesidade, doenças da tireoide, próstata (homens) e alterações no sistema reprodutivo (qualidade das células reprodutoras masculinas e femininas, ameaçando a fertilidade e reprodução humana).

Sistema reprodutor

“Essas substâncias afetam a produção hormonal ou o transporte dos hormônios e sua ação. Estudos mostram que eles estão diretamente associados ao desenvolvimento de obesidade, independente de má alimentação e outros fatores de risco. Também podem levar ao diabetes, diversos tipos de câncer,  problemas no sistema reprodutor e alterações de tireoide, como problemas na produção e no metabolismo dos hormônios tireoidianos”, diz Boguszewski.

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O assunto já é uma preocupação há mais de uma década e a cada dia as pesquisas descobrem novos compostos químicos que disturbam o sistema hormonal. “Todos os desreguladores têm uma estrutura química muito semelhante ao dos hormônios sexuais testosterona e estradiol. Isso faz com que eles enganem os receptores celulares ativando-os ou inativando-os. Ou seja, promovem ou interrompem uma ação hormonal.”, afirma Elaine Frade Costa, presidente da comissão de desreguladores endócrinos da Sbem.

Isso significa que, nas mulheres, pode haver puberdade precoce ou atrasada, menopausa precoce, infertilidade, endometriose, síndrome do ovário policístico e até alguns tumores ovarianos e de vagina. No homens, pode causar puberdade precoce ou atrasada, infertilidade por alteração do espermatozoide ou da estrutura do testículo, tumores testiculares e alterações na próstata.

Prevenção

Apesar do avanço nos estudos científicos que comprovam que esses problemas de saúde são causados pela exposição prolongada a essas substâncias, ainda há muito para caminhar no quesito da regulamentação desses compostos. 

“Por enquanto, a melhor forma de reduzir os riscos, é evitar fertilizantes e agrotóxicos que já tenham esse efeito tóxico comprovado, como o DDT. Optar por produtos que sejam bisfenol free, ou sejam, sem BPA – que já acontece na maioria dos produtos infantis -. Sempre que possível, utilizar recipientes de vidro, em vez de plástico e estar alerta para produtos de uso pessoal, como cosméticos e itens de vestuário que podem ter uma quantidade alta de algum produto tóxico’, recomenda Boguszewski.

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