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A popularização — e os riscos — do Botox a jato

Clínicas em shoppings oferecem serviço expresso de aplicação da toxina botulínica e outros procedimentos; denúncias de tratamento malfeito são frequentes

Por Bruna Motta
Atualizado em 15 nov 2019, 11h43 - Publicado em 15 nov 2019, 06h00

Muito já se falou sobre os encontros de Botox: uma senhora convida as amigas para petiscos e espumante e, no auge da reunião, as interessadas se submetem a uma sequência de picadas para alisar a pele do rosto ali mesmo, na sala de visitas, aplicadas por um médico que é a estrela da festa. Antes de ir embora, a madame rejuvenescida faz seu cheque, sempre com muitos zeros. O bate­-papo regado a toxina botulínica continua a existir, discretamente, mas as agulhadas alisadoras estão deixando de ser um tratamento para poucas. Clínicas de Botox pipocam nos shop­ping centers, oferecendo tratamentos rápidos a preços módicos. Com riscos, dizem os médicos. “Estão banalizando um procedimento extremamente sério em locais que só têm interesse em ganhar dinheiro”, alerta Niveo Steffen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Segundo país que mais faz cirurgias plásticas no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, o Brasil é terreno fértil para a democratização do Botox. Aberta no início do ano em Porto Alegre, a Botoclinic já é uma das maiores redes do ramo, com sessenta unidades pelo país — 100% delas em shopping centers. O paciente passa por uma avaliação gratuita de quinze minutos e, conforme a opção de tratamento, segue na mesma hora para vinte minutos de agulhadas. Voilà — sai repaginado. Os preços, de 300 a 1 000 reais, podem ser divididos em até doze vezes no cartão (em consultórios renomados, cada área a ser botocada custa 1 000 reais).

A proprietária, Cristina Bohrer, é cirurgiã-dentista, assim como a maior parte de seus funcionários. A profissão luta na Justiça para legalizar o direito de aplicar Botox. Uma lei de 2013 determina que apenas médicos podem realizar tratamentos invasivos, caso da aplicação da toxina botulínica, uma substância que provoca a paralisação de músculos e, se mal usada, pode causar sérios efeitos colaterais. Neste ano, porém, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) aprovou uma resolução que regulamenta a prática por cirurgiões-dentistas especializados em “harmonização orofacial”, nome dado a uma técnica que começou consertando o sorriso e hoje se estende ao rosto todo. Segundo o CFO, os profissionais formados nesses cursos, com carga horária mínima de 500 horas, estão aptos a aplicar Botox e realizar preenchimentos com outras substâncias. A questão foi levada para a avaliação do Ministério Público Federal, que ainda não se manifestou.

Os empresários Fernando Costa e Rafael Mansilla, donos da rede BotoCenter, com sede no Recife, clínicas em shopping centers e marcação de consultas por aplicativo e redes sociais, também dão preferência a dentistas. “Eles têm formação em anatomia facial e grande destreza manual”, argumentam. Realizado por dentistas ou por médicos, o tratamento nas “lojas de Botox” requer atenção redobrada à qualidade dos profissionais e dos produtos utilizados. Sérgio Palma, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, diz que o órgão já recebeu mais de 900 denúncias de procedimentos malfeitos nesses estabelecimentos. Na hora de alisar ou preencher, todo o cuidado é pouco.

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Publicado em VEJA de 20 de novembro de 2019, edição nº 2661

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