A morte do homem que passou 850 dias intubado por causa da Covid-19
Médicos dizem que Marc Lewitinn permaneceu em ventilação mecânica por mais tempo do que qualquer outro paciente infectado pelo novo coronavírus

Desde do início da pandemia de Covid-19, mais de 6,5 milhões de mortes foram registradas em decorrência da doença ao redor do mundo. Marc Lewitinn, um lojista aposentado de Manhattan, viveu – ou sobreviveu – quase todo esse período intubado. No dia 23 de julho deste ano, o homem, então com 76 anos, se juntou à estatística, vítima de ataque cardíaco, após 850 dias em ventilação mecânica no Palisades Medical Center em North Bergen, Nova Jersey. Sua luta pela vida foi contada pelo jornal The New York Times.
Ele havia sobrevivido a um câncer de pulmão e a um derrame que o deixou incapaz de falar. A idade e a condição de saúde colocavam Lewitinn no grupo mais vulnerável ao vírus. Porém, de acordo com seu filho, Albert, o lojista se sentia preso e, um dia, aventurou-se em um Starbucks lotado perto de sua casa em Cliffside Park, Nova Jersey. Em 25 de março de 2020, ele estava se sentindo letárgico. Um oxímetro de pulso mostrou seu nível de oxigênio no sangue em apenas 85%.
Albert, um produtor de TV, levou o pai ao pronto-socorro da Weill Cornell Medicine, em Manhattan. O hospital estava abarrotado de pacientes e médicos em trajes de proteção. Levou horas para alguém vê-lo. Lewitinn testou positivo para Covid-19 naquela noite. Seis dias depois, com o nível de oxigênio caindo ainda mais, os médicos decidiram intubá-lo e induzir o coma.
Eles disseram à família que ele, provavelmente, morreria dentro de alguns dias. Nos primeiros meses da pandemia, a taxa de sobrevivência de pacientes intubados com Covid era de cerca de 50% (no Brasil subia para 65%) e isso incluía pessoas mais jovens e mais saudáveis do que o lojista.
“Eles saíram com o iPad para nos perguntar se queríamos apenas dar-lhe morfina e deixá-lo morrer naturalmente”, disse Albert Lewitinn ao jornal. “Em um FaceTime em grupo, pedimos ao meu pai que lutasse. Não dissemos adeus. Nós dissemos: ‘Continue lutando, pai, você vai ficar bem.’”
O idoso se estabilizou e se recuperou da Covid, mas permaneceu muito enfraquecido para sair do ventilador. Depois de seis meses, ele saiu do coma e foi transferido para outro hospital, mais próximo de sua casa.
Embora não existam estatísticas abrangentes sobre quanto tempo os pacientes de Covid sobreviveram com ventilação, especialistas médicos dizem que Lewitinn pode deter o recorde. A literatura em torno da pandemia observa alguns pacientes que ficaram nessa condição por mais de três meses: um paciente no Alabama ganhou as manchetes em 2021 quando saiu de um respirador após 187 dias.
Nascido Murad Albert Lewitinn em 12 de março de 1946, ele era de uma família judia no Cairo e adotou o nome Marc ainda na infância. Além de Albert, ele deixou a esposa e mais dois filhos.
Abaixo, os números da vacinação no Brasil: